Guilherme Carvalho Filho – Repórter – Jornal Folha de Alagoas Impresso
O deputado alagoano Arthur Lira (PP), que recentemente teve 10% do salário bloqueado pela Justiça no âmbito da Operação Lava Jato, ostenta o 5º lugar dos dez deputados mais faltosos durante dois meses das votações nominais da sessão online na Câmara dos Deputados. Das 64 votações, ele participou apenas de 36, totalizando 56,2% ausências.
O parlamentar, com a reputação cada vez mais decrescente, carrega no celular o aplicativo da Câmara e pode votar de qualquer lugar, como demais os colegas. Vale lembrar que Lira também foi acusado de corrupção passiva.
Durante esse período, foram votadas várias proposições relacionadas à pandemia do novo coronavírus, como a PEC do Orçamento de Guerra e o projeto de ajuda financeira a estados e municípios. A maior parte dos mais assíduos pertence à base do governo.
A lista de ausentes é encabeçada pelo deputado Boca Aberta (PROS-PR). Ele não compareceu a 42 das 64 votações analisadas. Durante o período, porém, o parlamentar gravou em todas as manhãs, de segunda a sexta, um programa com a mulher, transmitido em suas redes sociais.
Em nota, o deputado culpa o sistema de votação da Câmara pelas ausências e diz, inclusive, que já teve desconto de salário por falta durante a pandemia. “Com muito custo a gente consegue votar nas sessões. É um problema sério. Sou de Londrina, do Paraná, e estou impedido de estar pessoalmente. O sistema é uma porcaria”.
Já a Câmara dos Deputados afirma que o sistema de deliberação remota “nunca apresentou qualquer falha de funcionamento contundente, não tendo sido necessário o cancelamento de nenhuma sessão plenária por problemas no sistema”. “Grande parte das dificuldades enfrentadas até hoje diz respeito à adaptação natural das equipes técnicas da Casa e dos parlamentares às novas ferramentas digitais.”
Em nota, a assessoria de imprensa acrescenta ainda que a experiência do plenário virtual da Câmara “tem servido como referência internacional em vários encontros virtuais de associações parlamentares” e que casas legislativas de vários países já entraram em contato para saber mais informações sobre o sistema brasileiro.
ACUSAÇÕES DA EX-MULHER
Casada com Lira entre 1997 e 2007, Jullyene Lins disse a VEJA que o parlamentar começou a coletar propina quando era deputado estadual em Alagoas. Quando os dois ainda moravam juntos, no apartamento do casal Lira recebia remessas mensais de dinheiro em espécie, que iam de 500 000 a 1 milhão de reais. Em um dia ruim, a entrega era de 30 000 reais.