Por Leonardo Ferreira
Candidato à presidência nas eleições de 2018, Guilherme Boulos (PSOL), que veio a Maceió para inaugurar um projeto de cozinha solidária no Benedito Bentes, afirmou que derrotar o Governo Bolsonaro é o principal objetivo do Brasil por toda má condução do presidente frente à pandemia e à economia. Em entrevista à Mix/Folha, ele também comentou sobre a situação do Lula, eleições de 2022 e como manter as pessoas esperançosas na política.
Sobre as várias trocas de ministros da Saúde e a tragédia que a Covid-19 vem causando aos brasileiros, Boulos disse que os exemplos estrangeiros deveriam ter sido seguidos para enfrentar a doença, o que não ocorreu: “não salvaram vidas, nem empregos e nem a economia”.
“De um lado, tomar as medidas sanitárias que todos os especialistas recomendaram, com isolamento, uso de máscara, vacinação, testes em massa, leitos para os doentes. Por outro lado, não basta pedir que as pessoas fiquem em casa sem dar condições. Tem que ter política de apoio, mas isso também não teve no Brasil”, disse Boulos.
Ele ainda lembrou que o projeto ‘Cozinha Solidária’, motivo da sua presença em Maceió, está sendo organizado porque há milhares de pessoas desempregadas, sem ter sequer o que comer em casa, e não podem contar com a ajuda governamental. “Temos um compromisso com esse povo que está sofrendo. Que hoje vive um dilema: se sai de casa, corre o risco de morrer pelo vírus; se fica em casa, morre de fome”.
Na questão política, Boulos afirmou que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de anular as condenações de Lula foi atrasada, já que era evidente a parcialidade do juiz Sérgio Moro e de alguns procuradores, mas que a devolução dos direitos políticos do petista representa um ganho para o Brasil.
“A decisão do ministro Fachim veio com atraso de três anos. Todo mundo sabe hoje no Brasil que o Moro conduziu o processo do Lula de forma parcial, de forma politizada. Por isso, a recuperação dos direitos políticos dele é uma reparação, na qual ganha, antes de tudo, a democracia brasileira, porque não cabe ao Judiciário, por um processo tendencioso, definir quem pode ou não participar de eleição. Cabe ao povo definir quem será eleito, e não um juiz e meia dúzia de procuradores”, argumentou.
Perguntado sobre uma frente ampla entre opositores de Bolsonaro, o coordenador do MTST defende a construção de uma unidade que coloque como prioridade o interesse da população brasileira, com a apresentação de planos e projetos para o Brasil, tanto agora em 2021, quanto pensando nas eleições de 2022.
“Eu tenho defendido que a esquerda se unifique. Desde que acabaram as eleições em São Paulo, onde fomos ao segundo turno com mais de 2 milhões de votos, nós temos trabalhado e dialogado com outras lideranças do campo progressista para que a gente tenha uma unidade para o Brasil poder superar esse desafio. O Brasil vive um dos piores momentos da sua história, pois estamos numa pandemia com quase 3 mil mortos por dia e com a pior condução do mundo. Um governo que é genocida e cúmplice dessas mortes, porque trabalhou contra a vacina e estimulou o descumprimento das recomendações sanitárias, ou seja, um País sem rumo”, comentou.
Boulos, no entanto, citou que mesmo outras áreas ideológicas discordando das atitudes de Bolsonaro, é difícil pensar numa aliança com quem é alinhado com pautas econômicas próximas a do Governo.
Por fim, Boulos ressaltou a importância da participação dos jovens, para que eles não percam a esperança em um futuro melhor, apesar do cenário atual. “É fazer política com sonho e não apenas com acordos pragmáticos. Não podemos abrir mão dos princípios, só assim vamos atrair a juventude e aqueles que estão descrentes da política, pois não tem saída fora da política. Teve gente que acreditou nisso em 2018 e olha na tragédia que deu”, finalizou.