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Sandra Pêra trata obra de Belchior como dramaturgia no segundo álbum solo

8 de junho de 2021
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Sandra Pêra trata obra de Belchior como dramaturgia no segundo álbum solo
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Resenha de álbum

Título: Sandra Pêra em Belchior

Artista: Sandra Pêra

Gravadora: Biscoito Fino

Cotação: * * * 1/2

♪ Popstar na segunda metade da década de 1970, como integrante do grupo feminino As Frenéticas, a atriz, cantora e compositora carioca Sandra Pêra tem a voz na discografia de Antonio Carlos Belchior (26 de outubro de 1946 – 30 de abril de 2017). Sobre o groove funkeado que embasa a gravação da música Corpos terrestres (Belchior, 1978), faixa do álbum Todos os sentidos (1978), as Frenéticas cantam em latim.

Símbolo de irreverência e leveza pop em anos pesados, As Frenéticas perderam fôlego nos anos 1980 – assim como o cancioneiro do cantor e compositor cearense. Sandra Pêra tentou carreira solo como cantora em álbum editado em 1983 com repertório autoral pautado pelas parcerias da artista com Guilherme Lamounier (1950 – 2018) e, diante do fracasso comercial do disco, passou a ganhar a vida como atriz de teatro, sobretudo de musicais.

Por isso mesmo, é no mínimo curioso que o segundo álbum solo da artista – Sandra Pêra em Belchior, lançado neste mês de junho de 2021 pela gravadora Biscoito Fino, 38 anos após o pouco ouvido LP Sandra Pêra (1983) – reconecte a cantora ao cancioneiro de Belchior.

Com obra angustiada que denotava o peso da cabeça do artista, como o próprio compositor sinalizou nos versos iniciais da canção Todo sujo de batom (1974), uma das 11 músicas do disco sugerido a Sandra por Kati Almeida Braga, Belchior deixou cancioneiro que exige alma dos intérpretes que se propõem a dar voz a essas músicas.

São composições geralmente agoniadas que, em suma, fazem o balanço geracional de quem acreditou no sonho dos anos 1960 e viu o sonho acabar na década seguinte, como sintetizou John Lennon (1940 – 1980).

Por mais que às vezes amorteça o peso dessas canções, Sandra Pêra surpreende positivamente com disco que se alimenta da dramaticidade da atriz, como já fica perceptível na abertura com o canto inicialmente a capella de Sujeito de sorte (1976), música que ganhou fôlego renovado em 2020 ao ser reprocessada pelo rapper Emicida e ao ter viralizado nas redes sociais como hino da resistência diante da dissonância do Brasil por conta dos versos (“Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”) a rigor sampleados por Belchior da obra do repentista paraibano Zé Limeira (1886 – 1954).

Com produção musical confiada a Amora Pêra (filha de Sandra) e ao cearense José Milton, conterrâneo de Belchior, o álbum da cantora trata o cancioneiro de Belchior com bom gosto, explicitado pelos arranjos acústicos, orquestrados por músicos do naipe do violonista João Lyra e dos pianistas Cristovão Bastos e Eduardo Souto Neto.

A propósito, é somente com o toque do piano de Cristovão que Sandra recorre à atriz para encarar os existenciais dramas urbanos de Paralelas (1975).

Em sintonia com o fato de o cancioneiro de Belchior versar bastante sobre o choque do imigrante nordestino nas selvas das cidades, o álbum de Sandra Pêra espalha referências do nordeste ao longo das 12 faixas. Pequeno mapa do tempo (1977), por exemplo, é redesenhado na cadência do xote com a adesão vocal do grupo Chicas.

Na gravação da canção Na hora do almoço (1971), primeira pedra fundamental da obra de Belchior, há o toque da sanfona de Rafael Meninão e o canto do maranhense Zeca Baleiro, com quem a artista já trabalhou no espetáculo de dança Mãe gentil (2000). A sanfona de Meninão sobressai ainda mais na gravação de Divina comédia humana (1978).

Na pegada roqueira de Galos, noites e quintais (1976), afiada pelo corte da guitarra de João Lyra, há a voz da cantora potiguar Juliana Linhares, dona de um dos grandes discos deste ano, Nordeste ficção (2021). A chama do rock ainda requenta Velha roupa colorida (1976), também aquecida pelo naipe de metais orquestrados pelo trompetista Jessé Sadoc, em gravação que junta Sandra com Ney Matogrosso, com quem a artista dividiu apartamento nos anos 1970.

Aliás, Sandra Pêra em Belchior é disco muito valorizado pelos arranjos e pelo tratamento dramatúrgico do repertório. Na gravação de A palo seco (1973), houve a busca por latinidade, sintetizada no toque do bandoneón do músico argentino Walter Rios, em evocação da passionalidade do tango, em sintonia com verso da letra. Essa latinidade também salta aos ouvidos no toque abolerado da já mencionada canção Todo sujo de batom.

Parceria de Belchior com Raimundo Fagner, Mucuripe (1972) ressurge em arranjo de sanfona (a do recorrente Rafael Meninão) e piano (no caso, o de Camilla Dias, arranjadora de faixa).

Canção que Belchior alardeava ter composto para Sandra Pêra, em comportamento típico de quem adorava romancear a vida, Medo de avião (1979) entrou no disco porque, como sabido, quando a lenda – de voo de 1977 para Fortaleza (CE) em que Sandra segurou na mão de Belchior por medo de avião – é mais interessante do que a realidade, imprime-se a lenda (sempre desmentida por Sandra, justiça seja feita).

No fecho do álbum, Sujeito de sorte reaparece em coro com as vozes de Amora Pêra, Paula Leal, Isadora Medella, Ana Basbaum, Eliane Sobral, Lucas Ariel, Daniel Alcoforado e Jose Milton. É como se o fim do disco fosse o encerramento, o gran finale, de um musical de teatro, como tantos de que Sandra Pêra participou.

E talvez seja mesmo, pois o álbum Sandra Pêra em Belchior parece ter sido concebido – talvez até intuitiva ou inconscientemente – como a trilha sonora de musical protagonizado pela intérprete e alicerçado pela dramaturgia sólida do cancioneiro do compositor na década de 1970.

G1

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