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Natália Lopes

Natália Lopes

Sou apaixonada por livros, ouço música o tempo todo e escrevo e escrevo... encontrei aqui na internet um monte de maneiras de amplificar o que antes ficava apenas na minha coleção de caderninhos. Sou de reunir histórias, relembrar a infância e querer registrar tudo o que meus olhos viram e meu coração sentiu. Compartilho aqui meus pedaços de afeto esboçados em memórias e palavras.

O tac tac da Olivetti

6 de agosto de 2021
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O tac tac da Olivetti
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Quando eu era criança, passava as férias na casa dos meus avós. Era a minha casinha no interior. Costumávamos ir nos feriados também, mas acabava dividindo a atenção deles com meus tios e primos. A família era grande, barulhenta e espevitada. Nas férias, não. Nas férias éramos somente nós três: voinha, voinho e eu, a neta mais velha (sempre me senti mais especial por isso).

Minha avó, no grupo das senhorinhas da igreja, era responsável por datilografar – era o equivalente a digitar, caro leitor, geração Z – os papeizinhos das músicas que iriam cantar na missa. Todo domingo. Todo santo domingo. Essa máquina de escrever era dela, e eu amava tanto aquelas manhãs de férias no interior. Voinha fazia o seu escritório temporário na mesa, e aproveitava o pré-almoço para fazer aquele trabalho de datilografia, enquanto eu ficava ali, de um lado pro outro, só acompanhando, esperando meu avô chegar do trabalho e a gente finalmente almoçar.

Tenho a impressão de que essa máquina tem mais de quarenta anos e eu sempre fui fascinada pelos barulhinhos que ela fazia. Cada toque da minha avó naquelas teclas durinhas, ia formando as palavras, letrinha por letrinha, sem poder errar. No máximo ela passaria um corretivo, mas aí ficaria meio manchado e aquela senhora, perfeccionista como era, não admitiria as músicas do coral num papel manchado de um “tac” errado.

As músicas ficavam perfeitamente impressas no papel. Depois, xerox. Depois, missa. E era assim, semana após semana, até as férias, enfim, se encerrarem e eu pegar a estrada de volta, triste e já sofrendo de saudade daquela casa, dos lanchinhos, dos meus avós e da máquina. Aquilo era uma espécie de pacto entre nós três. Não cabia mais ninguém.

A imagem da Olivetti rondava a minha cabeça por meses. Eu queria escrever nela, queria colocá-la no meu quarto e dizer que era minha. Ela era minha sim, e segundo a minha avó, a máquina só ficava temporariamente na casa dela até que eu crescesse e pudesse ter o meu próprio espaço. Voinha sabia das coisas.

Minha avó já se foi e das muitas relíquias que herdei daquela casa no interior e da história dos meus avós, essa máquina é, sem nenhuma dúvida, o objeto que mais representa os nossos momentos juntos. Voinha, eu, manhãs de sol no interior, cheiro de feijão na panela de pressão, o tac tac nas letrinhas e o papel organizado com as músicas, para as senhorinhas do coral acompanharem na missa. A vida era boa. Ela era calma e cheirosa. Tinha o cheiro de erva-doce do chá que minha avó tomava, tinha a cor amadeirada dos móveis da casa e a vista para o pé de goiaba que tinha no quintal. Eu adoro essa máquina de escrever e amo falar sobre minha avó. A vida realmente era boa.

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