O governo brasileiro retirou do Afeganistão o segundo cidadão brasileiro que havia pedido para deixar o país junto com a sua família, afirmou o Itamaraty na noite de segunda-feira (30).
Na sexta-feira (27), o Ministério das Relações Exteriores tinha informado que retirou um primeiro cidadão brasileiro e que permanecia em “intensa articulação” para resgatar o segundo.
Ao todo, 13 pessoas foram evacuadas do Afeganistão. A identidade de nenhum dos resgatados foi revelada.
“O governo brasileiro concluiu, com êxito, a retirada do Afeganistão de dois nacionais brasileiros, bem como de suas famílias, que haviam solicitado auxílio do Itamaraty para deixar aquele país”, afirmou o ministério em nota. “Todos se encontram em boas condições de saúde e em segurança”.
Segundo o Itamaraty, o primeiro brasileiro estava acompanhado de cinco familiares afegãos e foi evacuado para a Espanha na quinta-feira (26), com ajuda dos governos da Alemanha e da Espanha.
No domingo (29), um segundo cidadão brasileiro e seis familiares afegãos foram levados até o Paquistão, em operação terrestre feita pela Embaixada do Brasil em Islamabad junto com o governo paquistanês.
O Itamaraty disse que “segue monitorando a situação dos cidadãos brasileiros que manifestaram interesse em permanecer no Afeganistão” e que está “atento aos pedidos de afegãos com visto de residência no Brasil, dentro das possibilidades legais de apoio a estrangeiros”.
Há cerca de 270 magistradas no Afeganistão e algumas delas já foram inclusive assassinadas, segundo juízas brasileiras que coordenam os esforços para dar vistos e trazê-las ao Brasil.
“Será difícil resgatar todas essas mulheres”, afirmou Maria Elizabeth Rocha, ministra do Superior Tribunal Militar (STM). “Já não são mais 270, algumas já morreram. Lamentavelmente foram assassinadas”.
Fim dos voos de retirada
Os Estados Unidos e países aliados encerraram nesta terça-feira (31) os voos de evacuação do Afeganistão. Antes de deixar o país, o exército americano destruiu aviões, blindados e o sistema de defesa antimísseis no aeroporto internacional de Cabul.
O último soldado americano a deixar o país foi o major-general Christopher Donahue, segundo o Departamento de Defesa americana (veja no vídeo abaixo). Sua patente é equivalente à de general de brigada no Brasil.
O fim da “Guerra sem fim” (“Endless war”, como a Guerra do Afeganistão é conhecida nos EUA) acontece depois de quase 20 anos de ocupação do país, que foi invadido após os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001.
O Talibã comandava o país desde 1996 e foi acusado pelos americanos de esconder e financiar membros da Al-Qaeda, grupo terrorista comandado por Osama bin Laden e responsável pelo atentado.
Talibã de volta ao poder
O Talibã foi expulso do poder com a invasão americana, mas voltou a comandar o Afeganistão no dia 15 de agosto, antes mesmo do fim da ocupação, após o presidente Ashraf Ghani fugir do país e o grupo extremista tomar a capital Cabul.
Após a retirada americana, talibãs tomaram o controle do aeroporto e comemoraram o fim da ocupação americana com tiros para o alto (veja no vídeo abaixo). “Parabéns ao Afeganistão. Esta vitória pertence a todos nós”, afirmou o porta-voz do grupo, Zabihullah Mujahid.
Mujahid afirmou que o Talibã deseja ter “boas relações com os EUA e com o mundo”, mas fez um alerta: “A derrota dos EUA é uma grande lição para outros invasores e para nossas gerações futuras”.
G1