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Natália Lopes

Natália Lopes

Sou apaixonada por livros, ouço música o tempo todo e escrevo e escrevo... encontrei aqui na internet um monte de maneiras de amplificar o que antes ficava apenas na minha coleção de caderninhos. Sou de reunir histórias, relembrar a infância e querer registrar tudo o que meus olhos viram e meu coração sentiu. Compartilho aqui meus pedaços de afeto esboçados em memórias e palavras.

Churrasco tradicional brasileiro – II

Parte 2

6 de outubro de 2021
0
Churrasco tradicional brasileiro – II

Foto: Pinterest

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Caro leitor, para ler a primeira parte da história, acesse: Churrasco tradicional brasileiro – parte 1

(…) Seria uma família quase perfeita se Milena, a quarta filha, fosse mais amorosa e
menos rebelde com todo mundo. Não casou, foi morar sozinha, não tinha nem vinte anos e
mal convive com os parentes. “Parece que ela não faz parte da família. Nunca vi isso. Essa
menina é diferente dos irmãos, ninguém pode falar nada que já se aborrece e nem deixa a
gente terminar. Você deu liberdade demais, Marga, deu nisso”. Seu Nero, com seu típico
tom desconfiado, não se conforma que Milena evite tanto a família, e por mais que se
esforce, não consegue entender porque a filha é tão diferente dos outros. “Mila tem o
jeitinho dela, Nero, só não sei porque o fato dela ter mudado tanto é minha culpa, se era em
você que ela vivia grudada. Acho que leu tanto que ficou doida e achando que a gente é
burro, só porque ninguém aqui pensa como ela. Lembra da vez que brigou com todo mundo
porque Marcinho reclamou por ela querer morar com o namorado, aquele professor de
história? Saiu até do grupo da família e nunca mais voltou. Eu mesma não me meto mais,
Mila é muito intransigente”. Dona Margarete coloca a salada, organiza a mesa, retira alguns
pratos e talheres sujos e volta para a cozinha.

Marcinho vem se aproximando no meio da conversa. Depois de um mergulho na
piscina, brincou um pouco com o filho e os sobrinhos e já saiu se perguntando onde havia
deixado o copo de cerveja. Procurou a mulher e se certificou de que ela estivesse bem à
sua vista. Estava sentada na mesa da cozinha, mexendo no celular. Incomodado e curioso,
conversou um pouco com o pai, criticando, mais uma vez, o jeito arrogante da irmã mais
nova “não respeita ninguém, quer tudo do jeito dela e acha que vai salvar o mundo brigando
por tudo” e, sem conseguir tirar os olhos de Clarissa, se afasta do grupo em direção à
cozinha. “O que você tanto faz nesse celular, amor?”. Márcio é o terceiro filho, homem
trabalhador, formado em administração de empresas e gerente de concessionária. Prioriza
a felicidade da família, adora o filho e não cansa de se declarar para a mulher naquele
aplicativo de fotos onde todo mundo pode admirar o ótimo marido e pai amoroso que ele se
considera “que família linda”, “blindados por Deus”. Amar a esposa não tem nada a ver com
as escapadas para o motel na hora do almoço com Camila, a moça do setor de acessórios
de carro. Marcinho sabe bem separar as coisas. Família é coisa sagrada, amor é amor, e
sexo é diferente, e assim, do jeito que está, vem dando certo.

Duas coisas são muito importantes para todos nesta família: as missas de sábado –
seu Nero e dona Margarete participam do grupo de casais da igreja e cantam na bandinha
da missa – e os almoços de domingo. As noites de Natal também fazem parte do protocolo
dos encontros e de nada adianta tentar alterar o ritmo estabelecido, “família unida é obra de
Deus”, seu Nero faz questão de repetir nessas ocasiões, mesmo quando os
desentendimentos emergem subitamente, geralmente depois de uns copos de cerveja. A
mãe, com sua constante preocupação em manter todo mundo unido, está sempre
amenizando e intervindo. “Maurinho tem cabeça quente, não provoquem, deixem isso pra
lá, foi uma besteira essa discussão”. Pais amorosos, o casal Nero e Marga sempre investiu
alto na educação das crianças. Bons colégios particulares, aulas de inglês, reforço escolar e
qualquer outra atividade que surgisse no decorrer do crescimento dos cinco. Mauro, Miriam,
Márcio, Milena e Marquinhos eram crianças felizes. Aproveitaram bem a infância estável
que o emprego de seu Nero no banco conseguiu proporcionar. Viagens em família,
presentes da Estrela, roupas de marcas da moda e restaurantes nada populares, sempre
estiveram também na vida da família.

Enquanto a fumaça da churrasqueira toma conta do espaço gourmet e segue pela
atmosfera do condomínio, com cheiro de picanha e coração de galinha inebriando os
vizinhos e deixando o rastro do almoço de domingo, Mila vem chegando na casa dos pais.
Discretamente abatida, ela tenta se recuperar da noite intranquila que teve porque não
parava de pensar no compromisso familiar que a esperava nas horas seguintes. O
reencontro acontece meses depois do último Natal, quando discutiu com Marquinhos e
Marcinho, após eles questionarem sua ausência nos momentos de reunião da família.
Milena é a única que confronta seu Nero e questiona dona Margarete quando se sente
incomodada com os desmandos dos irmãos e outros velhos hábitos da família. “Como
sempre na cozinha, hein, mãe? Como está? E os remédios?”, beija a cabeça de dona
Marga, que larga o pudim na mesa e abraça fortemente a filha. Elas têm uma relação de
muito carinho mas pouca intimidade, a mãe nunca gostou da independência de Mila, ela
mesma nunca teve isso. “Vive discutindo com os meninos, discorda de você o tempo inteiro,
parece que está sempre com um escudo quando vem encontrar a gente, tão distante que às
vezes eu nem a reconheço”, desabafa com Nero mais tarde.

“Tia Mila chegou! Tia Mila, você veio!” e a parte que mais faz falta na vida de Milena
corre para abraçá-la: os sobrinhos. “São meus amores essas crianças”. As conversas ficam
pela metade e o clima fica levemente tenso. Os irmãos se entreolham desconfiados, sem
saber se a cumprimentam ou se ela vai ignorar sua presença. Para a família ficar completa,
falta Mirinha, que está no plantão do hospital, “aproveitem o churrasco, a medicina não tem
dia de folga. Partiu, plantão!”, mandou no grupo de mensagens da família logo cedo.
Apenas Milena não participa mais do grupo do bom dia diário e das fofocas da vida alheia,
como vizinhos e parentes mais distantes. Ela olha discretamente ao redor, temendo
encontrar a irmã, que não vê nem fala desde a discussão do Natal, quando Miriam tentou
defender os dois irmãos e criticou a resposta de Mila quando tentou se defender “você anda
muito nervosa, precisa mesmo é de um namorado para tentar se acalmar”. O Natal em
família foi arruinado, Milena já não tinha mais nada para fazer ou falar ali e saiu em silêncio.
Durante os meses seguintes se comunicou com os pais somente por telefone.

Abraço em seu Nero, que parece não lembrar dos últimos acontecimentos
envolvendo os filhos, “oi, minha filha. Está mais gordinha? Como vai o trabalho?”, dois
beijinhos nas cunhadas, um aceno para os irmãos e o cunhado churrasqueiro. Ana gosta de
Milena, admira sua coragem e inteligência e sempre a defende quando Marquinhos se
queixa da irmã. “Vocês queriam ser como ela, por isso vivem provocando. Eu acho que Mila
está certa em evitar todo mundo mesmo, já que ninguém respeita as escolhas dela”.
Marquinhos, que não gosta de ser contrariado, aproveita a oportunidade para mostrar a Ana
que não está interessado em sua opinião. Ele se entende com a própria família. Já Clarissa,
a outra cunhada, está sempre indiferente a qualquer evento que venha desse pessoal. Não
gosta e nem desgosta de ninguém, mas disfarça muito bem com uma simpatia forçada e
superficial. Eles não percebem. Ela se aproveita disso. Todos se toleram.

(continua na próxima edição…)

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