Guilherme Carvalho Filho
Repórter
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), classificou o governo Bolsonaro como o maior “desastre” que o Brasil já teve, sendo pior do que a ditadura militar. E garante que, caso chegue à presidência da República, pode trazer esperança para a população, resgatando a economia, saúde, educação, meio ambiente, cultura e outros setores qual Bolsonaro presta desserviço.
As declarações foram concedidas em entrevista ao Jornal da Mix, na tarde desta sexta-feira (18).
Ao ser questionado pela bancada do programa, composta pelos jornalistas Cícero Filho, João Mousinho e Nycole Melo, o governador de São Paulo admitiu que se arrependeu de ter apoiado Bolsonaro. E não escondeu a tristeza em ver o país com desigualdade social, com milhões de pessoas na extrema pobreza, sem saúde, educação e outros itens básicos de sobrevivência.
“Se eu pudesse voltar no tempo e o arrependimento fizesse uma marca, eu estaria com essa marca. Acreditei que poderíamos ter um projeto liberal, inovador, um Brasil que respeitasse a Justiça e que compreendesse o valor da liberdade. Tudo que Bolsonaro prometeu e não cumpriu”.
Para o tucano, a fome aumentou e o desespero também. “Um verdadeiro desastre a conduta do governo Bolsonaro. Subiu de 15 milhões para 30 milhões de brasileiros na pobreza e extrema pobreza. Inflação beirando 11%. Se você considerar o preço da cesta básica, subiu mais de 40% em seu governo. O povo não come carne há mais de 2 anos”, ressaltou.
Doria lembrou que o Bolsonaro é um governo que despreza mulheres, negros, indígenas e a população LGBTQIAP+. “Uma piada ele recebendo essa condecoração indígena, logo ele que apoia invasões”.
E também teceu duras críticas ao ex-presidente Lula, pré-candidato à presidência da República. Falou que, tanto Lula quanto Bolsonaro têm uma característica em comum: gostam de roubar
“Ladrão, que roubou dinheiro da Petrobras, Eletrobrás, abriu contas no exterior, enriqueceu os filhos e colocou dinheiro no PT”, salientou.
O governador ressaltou que o Brasil não pode polarizar Lula versus Bolsonaro. “Se nos dividirmos o risco é a reeleição do Bolsonaro. Aí mergulharemos no caos total […] Bolsonaro tem enorme vocação para o autoritarismo. Se ele pudesse se decretaria ditador. Todo medíocre gosta de ser ditador. Toda pessoa autoritária é incapaz. Não gosta de dialogar”.
PANDEMIA E CPI COVID-19
Repetidas vezes, o Doria taxou Bolsonaro de negacionista e a condução da pandemia foi feita da pior maneira possível. “Enquanto médicos, cientistas e outros profissionais da saúde diziam que a pandemia era grave, poderia matar e causar um dano enorme, Bolsonaro fazia piada dizendo que era só um resfriado, chamando a população de marica e covarde […] Morreram mais de 656 mil pessoas. É um governo que não se entende. Que fala palavrão”.
Na ótica do pré-candidato, a CPI da Pandemia cumpriu o seu papel bem e revelou nomes importantes da vida política como do senador Alessandro Vieira, que para ele teve uma conduta brilhante. E teceu elogios sobre o posicionamento do senador alagoano Renan Calheiros (MDB), que foi bastante construtivo e firme durante os trabalhos.
Dória elogiou o trabalho do Poder Judiciário, que deu amparo aos governos estaduais diante das ameaças de Bolsonaro, em ter o poder de tomar decisões sozinho.
ALAGOAS
Doria teceu elogios ao senador Rodrigo Cunha, o classificando como um político honesto, descente e que vem fazendo um bom mandato, bem como a deputada federal Tereza Nelma e o também deputado Pedro Vilela.
MORO
O político paulista diz que tem respeito pelo ex-juiz Sérgio Moro. “Eu sou daqueles que tem respeito pelo Sérgio Moro. O mundo da política não gosta do Moro. Tenho um bom diálogo com ele. O mesmo deve fazer parte desse diálogo para a construção de um centro-democrático liberal sério e ético para o país”.
AÇÕES EM SÃO PAULO
Segundo o governador, São Paulo é o Estado que mais vacina no Brasil. “Atingimos 99,4% da população adulta com as duas doses da vacina e 74,30% da população infantil com a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Tivemos queda no número de internacionais e óbitos. As quedas permitiram que o Estado estabelecesse decreto liberando o uso de máscaras em ambientes fechados. A vacinação foi um fator determinante. Mas, o uso do equipamento continua obrigatório no transporte público e em todas as instituições de saúde”.
NEM UM, NEM OUTRO
Se houver um segundo turno entre Bolsonaro e Lula, Doria não apoiará nenhum dos dois. “Deus é grande e há de permitir um Brasil livre, soberano, sem dois populistas da extrema direita e outro da extrema esquerda.