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Natália Lopes

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Sou apaixonada por livros, ouço música o tempo todo e escrevo e escrevo... encontrei aqui na internet um monte de maneiras de amplificar o que antes ficava apenas na minha coleção de caderninhos. Sou de reunir histórias, relembrar a infância e querer registrar tudo o que meus olhos viram e meu coração sentiu. Compartilho aqui meus pedaços de afeto esboçados em memórias e palavras.

Corra e olhe o céu (e passe um café também)

22 de abril de 2022
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Corra e olhe o céu (e passe um café também)

Foto: Pintrest

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Parei algumas tarefas do trabalho e vim descansar um pouco na varanda do meu apartamento. Peguei uma caneca de café e sentei para tentar ver o pôr-do-sol. Não dá para enxergar muito, têm algumas casas e prédios atrapalhando a vista, mas o sentimento de calmaria é protagonista por aqui. Na minha pequena varanda de apartamento eu me sinto diferente e acho que é porque nela eu me encaixo como se fosse um ninho, um espaço para organizar as ideias. É como se, ao chegar aqui neste particular pedaço de mundo, eu entrasse em um portal direto para um jardim secreto, como naquele filme que a criança perde os pais, vai morar na mansão do tio, e lá descobre um jardim fantástico, desvendando mistérios e se sentindo invencível e imensa.

Tem planta por todo lado, até no murinho que apoia a grade de proteção. Eu vejo o céu através das colunas formadas por essa grade de ferro, pintada de branco para amenizar o peso de que ela está ali somente porque a nossa cidade não é segura o suficiente para que ela simplesmente não exista. Hoje está muito ventilado, o cheiro de maresia toma conta de tudo e as folhas balançam de um jeito que parecem dançar em perfeita sintonia. Tem algo de místico na forma que essas plantas se encaixam umas nas outras. É como um balé da natureza, e eu me pergunto se existe algum tipo de comunicação entre elas. Uma begônia cresce timidamente aqui do meu lado esquerdo, feito uma criança que chegou no ambiente e ainda está começando a fazer amizade. Linda! As bordas das folhas parecem um ponto de crochê, e elas parecem uma pintura em nuances de um vermelho escuro, quase vinho. Acho que tá mais pra vinho mesmo, daquela cor de uva Patrícia, sabe?

Esse espaço da varanda é pequeno e estreito, com uma incontável diversidade de verde crescendo, que vai deixando-o cada vez mais apertado, mas um aperto de aconchego, com cheirinho de boldo do chile e barulho das ondas do mar, que fica lá na frente, uns duzentos metros depois do caminho de paralelepípedo. Eu moro na capital, mas daqui de casa eu tenho a sensação de estar em um lugar afastado do burburinho da cidade, onde ouvir os sons dos passarinhos dos vizinhos e de mais alguns que estão de passagem, parece ser tudo o que eu preciso em muitos momentos do dia. Como agora, por exemplo, que eles seguem em cantoria. Devem estar todos reunidos em uma oração da natureza, aquela reza que ninguém interfere, apenas escuta e deixa ela entrar pelos poros. 

Apoiei os meus pés em um vaso grande de cor de barro. Acho que é o maior daqui, mas ele  é de plástico, não é barro de verdade. Nele, cresce uma buganvília que meu marido plantou quando ainda era apenas um galho seco que foi encontrado na rua sem nenhum sinal de vida aparente. Eu lembro que falei: tá plantando galho seco agora, é? Ele não me deu ouvidos. Espere pra ver. E eu nem acreditei, segui desconfiada se aquele pequeno pedaço de árvore sem vida iria renascer mesmo. Ainda bem que ele é teimoso, o meu marido – o galho também – porque agora eu posso admirar um monte de florzinha cor de rosa, elas são encantadoras. É do mesmo tom daquela flor do pé de jambo, que quando cai, forma um tapete no chão que mais parece um cenário de filme. Rosas do deserto e cactos, ele plantou aos montes. Disse que está colecionando e que quando florescerem, as rosas, porque os cactos que temos aqui não são do tipo que florescem, eu vou querer espalhar tudo pelo apartamento. Tem também uma babosa da folha fininha e o vaso está repleto delas. Eu olho para aquele vaso de cimento, que é tão pesado que não pode nem ser arrastado para outro lugar, e é como se eu estivesse no fundo do mar, porque a babosinha parece umas algas marinhas, com suas folhas longas e pontudas, pinceladas de verde claro e cheias de manchinhas em vários tons de verde também.

Saímos do verão e parece que todas as plantas desse apartamento resolveram ficar mais verdes, enormes e protagonistas. Tem a costela de adão, que fica na entrada da varanda, se misturando ao boldo do chile que fica no vaso de coco, do lado direito, e que precisa ser podado toda semana porque cresce desenfreadamente, e tem a espada de São Jorge que, se eu me lembro bem, foi furtada da calçada de um vizinho que tinha dezenas delas e eu achei que nem faria falta naquele canteiro. Ela segue subindo no sentido do céu, vai encontrar as barreiras do teto, mas subir olhando para o céu já é encorajador o suficiente. Essa espada de São Jorge parece fazer a segurança de todas as outras, porque é imponente e intimidadora, com suas folhas verde-claro com bordas amarelas, parecendo que foi feita pra nascer no meu país. Combina com a bandeira, a mesma bandeira que a gente, que gosta de pessoas, e de vida, e de respeito, não está querendo usar muito nesses últimos tempos.

Eu estou cercada por uma atmosfera esverdeada, com cheiro de terra molhada depois da rega, misturada com a maresia que chega e logo se dissipa no ar. De trilha sonora, os passarinhos que, aos montes, sobrevoam cantando e assobiando, e o motor de um ou outro carro que passa pela rua. Vem e vai também um som de música agitada. Parece animada, uma coisa meio axé, meio forró eletrônico, que eu não consigo identificar, mas acho que é da academia que fica na outra rua. O vento traz e ele mesmo leva. 

O sol já foi quase embora; na caneca, somente a borra do café; e tudo parece ficar mais calmo. É a vida prática desacelerando. E eu, que passei algumas horas olhando ao meu redor para não perder nenhum detalhe da varanda tão verde e acanhada, saio recatadamente. A bateria do computador começou a ficar fraca, está na hora de voltar.

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