Os três maiores bancos privados brasileiros expandiram em 7,8% seus lucros entre o primeiro trimestre de 2021 e o mesmo período deste ano, de acordo com levantamento feito pelo Broadcast. Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil avançaram nas margens com clientes, que refletem seus ganhos com empréstimos, mas mostraram tendências diferentes em seus balanços.
O maior crescimento no lucro veio do Itaú, que assim como os rivais, viu suas margens e receitas com serviços avançarem. As tendências são fruto de um cenário em que as instituições repassaram a alta dos juros, hoje em 12,75% ao ano, para os clientes, mudaram o perfil de suas carteiras de crédito rumo a empréstimos mais arriscados e se beneficiaram da reabertura da economia.
É um cenário totalmente diferente do primeiro trimestre de 2021. Naquele momento, a Selic estava em 2% ao ano, comprimindo as margens. Além disso, a segunda onda da pandemia da covid-19 reduzia o uso de cartões e uma série de outras operações bancárias, deprimindo as receitas.
“A palavra que resume o resultado do nosso trimestre é consistência. Tivemos um trimestre com consistência, forte, apesar de um cenário mais desafiador”, disse o presidente do Itaú, Milton Maluhy, em coletiva para comentar os números do banco, divulgados nesta segunda-feira.
Ao revelar seus guidances para o ano, em fevereiro, o Itaú havia indicado em partes o que se viu no balanço trimestral: uma tendência de desaceleração do crédito, em especial em linhas como o imobiliário, acompanhada de uma alta robusta nas margens. O Bradesco não fugiu ao roteiro, mas a composição dos resultados foi diferente.
Enquanto o Itaú viu suas margens crescerem por causa do perfil de risco da carteira, o rival da Cidade de Deus também se beneficiou do efeito mix, mas observou um spread (diferença entre custo de captação e juros cobrados nos empréstimos) mais alto. Foi esse efeito que fez com que o conglomerado mudasse as projeções para 2022, e que agradou ao mercado na sexta-feira.
“A revisão do guidance traz um carrego positivo para 2023. Estamos conseguindo girar a carteira, que não é pequena, de uma Selic de 2% ao ano para uma Selic de 12%”, afirmou o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, em teleconferência com analistas. O Morgan Stanley calculou que o novo guidance aponta que o banco pode lucrar até R$ 32,6 bilhões neste ano, 24% a mais que no ano passado.
O Santander, único dos três que não fornece projeções ao mercado, também teve um forte crescimento de margens, mas apresentou tendências de qualidade de ativos vistas pelo mercado como mais desfavoráveis. O banco já colocou o pé no freio do crédito desde o final do ano passado, ao contrário dos rivais, e agora, viu sua carteira crescer menos, mas as provisões, na mesma proporção dos pares.
“O crescimento menor que o do mercado foi articulado com o time”, comentou o CEO do banco, Mario Leão, em coletiva de imprensa. “Inflação alta com juros subindo, a renda das famílias cai, as PMEs também. A gente viu esse quadro ficar muito claro em setembro, outubro”, pontuou.
Estadão