Internada, Thaís diz que não foi assistida ainda por um especialista, nem recebeu laudos médicos para ser transferida
Leonardo Ferreira
Com quadro de cirrose hepática, a jovem Thaís Firmino, 27 anos, está internada no Hapvida Maceió desde o começo da semana e relata que a omissão hospitalar está prejudicando seu tratamento, pois não teve sequer acesso a um especialista para atendê-la presencialmente. Ela implora pelos laudos e encaminhamento para ser transferida para São Paulo ou Recife, onde pode ser mais bem assistida.
A jovem ressaltou que o caso é grave, mas o desleixo predomina no Hapvida. “É um caso de cirrose hepática, que pode chegar a um transplante. E simplesmente não tem médico aqui para me atender na especialidade. Ontem, eu tive algo que eu não consegui nem falar direito e ainda estou com a voz debilitada, não tô andando, tô pela misericórdia do que Deus proporciona”, disse Thaís.
O cenário dela começou em 2014, quando foi diagnosticada com hepatite autoimune, fazendo tratamento desde então. Quando estava em João Pessoa este ano, porém, pegou uma virose e já foi internada numa unidade do Hapvida na capital paraibana. Depois, foi transferida para Maceió, ficou internada, mas recebeu alta após 17 dias. No entanto, em menos de 15 dias, teve que retornar.
Foi ao Hapvida na segunda-feira (27), apresentando sangramento e, na terça (28), já andando de cadeira de roda e com plaquetas baixas, foi internada novamente e agora se vê na situação de indiferença e com medo do seu quadro se agravar a cada dia, conforme relatou para a reportagem. Neste domingo (03), ela já conseguiu sair da cama e dar alguns passos.
“É preciso do laudo médico hepatologista para que eu possa ser encaminhada para São Paulo, mas o médico não está aqui. Está doente e não tem outro médico para ficar no lugar, só ficam falando em amanhã”, desabafou Thaís.
Thaís vem se comunicando com amigos pelas redes sociais, já que é missionária e conta com 18 mil seguidores no Instagram. Lá, a jovem vem contando sua trajetória e, mais recente, seu estado de saúde. “Uma autorização para fazer o tratamento num lugar com especialistas é só o que eu quero”.
Os pais dela também pediram ajuda de familiares e conhecidos, porque, segundo eles, não estão tendo assistência quase que nenhuma e a filha só pode contar com eles. “Estamos desesperados, corremos para um lado, para o outro e ninguém dá posição e só mandando esperar desde segunda-feira.”
Foi contado, ainda, que até a disponibilização da internação demorou e houve burocracia, mesmo com Thaís chegando ao hospital naquele estado evidente de saúde. “Quando conseguimos o leito, as duas camas estavam vazias, quer dizer que não tinha ninguém na enfermaria, mas o hospital negando uma cama”, disse a mãe.
Uma alternativa que Thaís ouviu do hospital foi que querem transferi-la para a Santa Casa de Maceió, onde ano passado a casa de saúde começou a realizar transplante de fígado. De acordo com o que foi passado a ela e à família, até a próxima terça-feira haveria uma posição, com nova avaliação clínica.
Resposta – Hapvida
A Folha entrou em contato com a assessoria do Hapvida, que emitiu algumas explicações, mas ficou de enviar nota oficial, a qual será colocada na matéria assim que recebida pela reportagem.
Atualização
Nota à imprensa
“A empresa informa que a paciente está recebendo o atendimento seguindo as diretrizes e conduta médica para o tipo de patologia que ela apresenta. A paciente segue sendo acompanhada pela equipe médica do hospital.”