Leonardo Ferreira
Todas as pesquisas eleitorais ao governo de Alagoas divulgadas na semana passada trouxeram o mesmo cenário: Paulo Dantas (MDB) assumindo a liderança; Fernando Collor (PTB) entrando bem posicionado na disputa; e Rodrigo Cunha (UB) caindo consideravelmente nos números. O senador ex-PSDB saiu da primeira colocação para terceira.
A queda de Cunha, no Instituto Paraná, foi de 9,4% das intenções em 30 dias. Com Rui Palmeira (PSD) em quarto lugar, com percentual considerável, mas ainda longe do topo, a disputa para saber quem serão os dois candidatos no segundo turno, inevitável a essa altura, segue aberta e imprevisível.
Para Luciana Santana, doutora em ciência política, as novas pesquisas Ibrape, DataSensus e Paraná demonstram um outro tabuleiro no contexto político. Segundo ela disse à Folha, era previsível que a entrada de Collor mudaria o panorama, como efetivamente ocorreu.
Porém, ela disse não estar surpresa com a condição de Cunha. “Eu não sei nem se digo surpresa a queda do Rodrigo Cunha. É uma consequência natural pelo próprio perfil dele”.
A cientista acredita que as disputas em âmbito estadual vão ser nacionalizadas, citando o peso que o apoio de Lula a Dantas e Bolsonaro a Collor pode ter, a exemplo dos recentes eventos em Maceió. Cunha em todas as entrevistas disse que seu apoio é para a terceira via, mas os nomes têm se mostrado inviáveis.
“Rodrigo Cunha não definiu um aliado com presidenciável, não se posicionou. Ele está ali um pouco no muro, sem essa definição. E isso não é bom para o eleitor, que quer ver também como as parcerias estão se dando e sendo formalizadas. Pode ser que o Rodrigo consiga reverter, mas depende de como vai ser o tom da campanha”, opinou Santana.
Collor
Voltando ao Collor, Santana argumentou que é preciso entender igualmente como vai ser a campanha dele e esse alinhamento com Bolsonaro. “Ele já chega a segundo lugar nas pesquisas, o que mostra certa força dentro do estado”.
Dantas
A cientista também classifica como surpresa o crescimento do atual governador Paulo Dantas. Primeiro, porque ele vinha tímido nas pesquisas, mas está mostrando que a população está o reconhecendo.
Entre as explicações, Luciana cita a proximidade com Renan Filho, cujo mandato terminou bem avaliado, e que Dantas foi apresentado formalmente para dar continuidade aos trabalhos do antecessor.
“Estar no governo e ser pré-candidato faz com que a gente possa ter a hipótese de que ele vai crescer mais ao longo dos próximos dias, especialmente quando a campanha for para as ruas e a população entender que aquilo é efetivamente uma continuidade de governo e ele está disposto a isso, e a população vai avaliar se quer continuar ou mudança”, argumentou.
Rui
Sobre o ex-prefeito de Maceió, Santana citou que Rui tem várias dificuldades ao redor da campanha, mas se ele contribuir com a eleição de deputados estaduais e federais da sua aliança, a candidatura ao governo já pode ser classificada como positiva.
“No caso do Rui, eu acho que dentre eles é o menos competitivo, perdeu bastante também com a entrada do Collor, o que é natural, até porque ele tem uma chapa muito frágil se a gente compara com os demais. Também não tem uma figura presidenciável afiançando sua candidatura, isso acaba gerando dificuldades”, finalizou a cientista.