Da Redação
Aliado político do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), o prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves (PP), é apontado como chefe de uma organização criminosa que teria desviado dinheiro da saúde e educação. Segundo inquérito da Polícia Federal, Gilberto teria operado o esquema de desvio de dinheiro da prefeitura usando empresas de fachada. Em 2021 o município recebeu mais de R$ 15 milhões em emendas do orçamento secreto.
De acordo com a investigação, mais de R$10 milhões em repasses foram feitos pela prefeitura de Rio Largo às empresas Litoral e Reauto, valores sacados por funcionários na boca do caixa, entre janeiro de 2019 e fevereiro de 2022. Ao todo, foram 233 saques de valores superiores a R$10 mil, sendo que 185 foram de R$ 49 mil. Para a PF, os saques são uma tentativa de “driblar” a regra do Banco Central que prevê que todos os saques acima de R$50 mil são comunicados automaticamente ao Coaf. Só neste ano, Arthur Lira indicou R$ 8,9 milhões do orçamento secreto para o Fundo Municipal de Saúde de Rio Largo.
GG, como é conhecido o prefeito de Rio Largo, está à frente do Executivo Municipal desde 2017, e foi reeleito nas eleições de 2020. Ele e Arthur são aliados de primeira ordem. Nas redes sociais há várias fotos de Gilberto com o presidente da Câmara dos Deputados.
Arthur Lira e Gilberto Gonçalves foram investigados e presos na Operação Taturana, deflagrada em 2007 pela Polícia Federal, que apurou um esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa de Alagoas.
“Organização criminosa”
A Polícia Federal concluiu no inquérito que Gilberto Gonçalves “comanda uma verdadeira organização criminosa instalada no seio da prefeitura municipal de Rio Largo, destinada a desviar recursos públicos federais repassados ao município, e também verbas municipais”. “Para isso, o município contratou duas pessoas jurídicas sem estrutura para a consecução do objeto do contrato (Reauto e Litoral), principalmente a Litoral, a qual serve, única e tão somente, para emitir notas fiscais visando lastrear os processos de pagamentos respectivos, ressaltando-se que ambas pertencem ao mesmo núcleo familiar”, acrescenta.
Segundo a PF, para ocultar a origem ilícita dos recursos desviados, o grupo utilizou-se de vários subterfúgios, exemplificados no relatório: “utilização de contas bancárias em nome de laranjas; saques de valores vultosos ‘na boca do caixa’ transportados em mochilas. A investigação também apontou a utilização de veículos oficiais, “inclusive guiados por ‘seguranças policiais’ do prefeito Gilberto Gonçalves, em rua de pouca movimentação e sem descer dos veículos; dentre outras dissimulações”.