Em tom de indignação, o vereador de Rio Largo, Daniel Pontes (PCdoB), comentou, nesta quinta-feira (18), que o prefeito afastado do município, Gilberto Gonçalves, precisa se manifestar em relação ao suposto esquema de corrupção milionário que é investigado pela Polícia Federal (PF).
Por ordem do Tribunal Regional Federal (TRF5), Gilberto foi afastado do Executivo e quem assumiu o comando foi a sua esposa, vice-prefeita Cristina Gonçalves.
Além dele, quatro secretários também foram destituídos dos cargos por decisão judicial.
Recursos da Saúde e Educação podem ter sido desviados.
“O prefeito foi eleito democraticamente pela população e deve satisfação aos munícipes sobre as acusações ”, reforçou o parlamentar.
O vereador Daniel Pontes votou a favor da abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar as denúncias feitas pelo Programa Fantástico, da Tv Globo. Entretanto, a maioria da Casa Legislativa rejeitou a instalação da comissão.
A REPORTAGEM
Dois carros se encontram em um beco afastado de uma cidade alagoana; um pacote é entregue pela janela e, dentro dele, segundo a Polícia Federal, tem dinheiro que deveria beneficiar os moradores de Rio Largo, mas foi desviado em um esquema milionário de corrupção.
Os dois homens que ocupavam em um dos carros, de acordo com a PF, representam a empresa Litoral Construções e Serviços, que recebeu mais de R$ 4 milhões nos últimos quatro anos em contratos para fornecer materiais de construção com a Prefeitura de Rio Largo. Antes do encontro, eles haviam passado no banco para sacar R$ 49 mil, operação identificada pelo Coaf.
Para descobrir o trajeto do outro carro, os investigadores usaram câmeras de segurança de estabelecimentos comerciais. Logo após receber o pacote, o veículo vai direto para a Prefeitura, e as imagens mostram que o mesmo carro havia saído dali minutos antes. Segundo os investigadores, ele é dirigido por apenas três pessoas: um motorista e dois policiais civis que fazem a escolta do prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves, do PP.
No relatório da PF, Gilberto é apontado como o “principal autor dos crimes e coordenador da ação dos demais investigados” e que “o pacote entregue por representantes da Litoral para funcionários do prefeito continha dinheiro em espécie sacado momentos antes”.
O mesmo flagrante se repetiu por quatro dias seguidos; tudo registrado pelos agentes. A PF aponta que, no total, “foram identificados 185 saques” no valor de “R$ 49 mil” cada um entre os anos de 2020 e 2022, e que o dinheiro foi retirado das contas da Litoral e da Reauto, empresa do mesmo grupo familiar, que também é contratada pela Prefeitura e recebeu mais de R$ 13 milhões nos últimos quatro anos.
Esses saques sucessivos de R$ 49 mil constituem apenas uma forma de fugir do Coaf, porque valores acima de 50 mil acabam sendo identificados e informados.
Assessoria