Por Leonardo Ferreira
O presidente recém-afastado do Conselho Regional de Farmácia de Alagoas (CRF/AL), Fábio Pacheco Pereira da Costa, foi alvo de denúncia no Ministério Público do Trabalho (MPT), acusado de cometer assédio moral contra três funcionárias e uma estagiária.
Fábio Pacheco também foi denunciado ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Conselho Federal de Farmácia (CFF) por improbidade administrativa, dano aos cofres públicos, além de infringir o código de ética, entre outras ilicitudes, em investigação que segue em curso nas instituições.
A acusação aponta, por exemplo, que o então presidente passava informações privilegiadas a algumas empresas e farmacêuticos sobre quando ocorreriam as fiscalizações do órgão nas diversas regiões do estado.
Já na questão do assédio moral, sempre eram as mulheres o foco. Criando um ambiente tóxico de desconfiança, ele é acusado de constranger as funcionárias, inclusive em reuniões, espalhar rumores, sobrecarregar de tarefas umas, enquanto deixava outras em ócio forçado.
Diante desse cenário intolerável e sabendo do histórico dele, as vítimas decidiram denunciá-lo ainda no mês de agosto, apesar do receio natural.
A estagiária, inclusive, era aluna dele na Faculdade Pitágoras e sofria gritos e humilhações constantes, segundo consta na denúncia. Ela, então, decidiu também informar o assédio na Ouvidoria da instituição.
No MPT, o inquérito foi aberto, as vítimas e o acusado foram ouvidos, contudo, após o pedido de renúncia de Fábio, alegando problemas físicos e psicológicos, a investigação foi arquivada, uma vez que perdeu o objeto.
Fábio pediu renúncia do cargo de presidente, em caráter permanente, formalizada no dia 18 de novembro na reunião plenária, antes mesmo de completar um ano no cargo. No comunicado oficial, o motivo foi exatamente questões de saúde. No seu lugar, assumiu Daniel Fortes, que era o vice-presidente.
No entanto, a acusação afirma que a real motivação para ele abrir mão da função foi as denúncias gravíssimas que chegaram aos Ministérios Públicos, assim como ao Conselho Federal.
Respostas
A reportagem entrou em contato com Fábio Pacheco por mensagem e ligação, mas não obteve retorno de imediato. Depois, ele ligou e explicou que ainda não pode se manifestar das acusações de assédio moral por conta da tramitação em segredo de justiça. Em relação às denúncias no MPF e CFF, disse que não teve conhecimento. “Em resumo eu não respondo a inquérito”.
A Folha também tentou falar com a Pitágoras, sem resposta, porém, até o momento da publicação da matéria. Procurado, o Conselho Federal de Farmácia disse que recebeu a denúncia por meio de sua Ouvidoria, e que o rito administrativo interno para o caso está em andamento.
“Importante ressaltar que qualquer informação somente será possível após a conclusão desse procedimento. O Conselho reforça o seu compromisso com a ética e o rigor administrativo, princípios fundamentais da nossa instituição”, completa o CFF.
Já a diretoria e conselheiros do CRF/AL, por nota, informaram que as acusações de assédio moral foram contra Fábio Pacheco, e não contra a instituição. Além disso, afirmaram que, com a entrega da carta de renúncia do cargo de presidente e afastamento permanente da função de presidente do Conselho, o objeto da ação torna-se sem efeito.
“Quanto às denúncias feitas ao MPF e CFF, o Conselho Regional de Farmácia de Alagoas não foi notificado sobre qualquer conduta ilegal que supostamente possa ter sido praticada pelo então presidente há época, Fábio Pacheco”, acrescenta a nota.