O vice-governador Ronaldo Lessa apresentou ao governador Paulo Dantas, na última sexta-feira (24), o projeto Observatório de Estudos Políticos, criado pela vice-governadoria.
O estudo visa promover palestras e debates sobre a conjuntura política brasileira e alagoana, estimulando a formação da consciência política. Participou o encontro o cientista político e ex-ministro Roberto Amaral, que realizou duas palestras inaugurais; uma no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL), para partidos políticos da base aliada do governo e gestores estaduais, e outra na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), para alunos, professores e pró-reitores.
Durante o encontro no Palácio República dos Palmares, Dantas expressou seu apoio inequívoco, afirmando que o projeto deveria ser adotado e levado à frente, ressaltando a importância estratégica dessa iniciativa para a formação política dos cidadãos alagoanos.
O vice-governador ressaltou a importância de se discutir a temática com os partidos políticos, gestores e com as academias. “Como disse o governador, é importante debater política com a sociedade. Trouxemos o Roberto Amaral, um dos melhores quadros de esquerda desse país, para que ele iniciasse, abrisse em Alagoas, esse novo momento”, avaliou o vice-governador.
Destaca-se que a vice-governadoria, amparada em seu estatuto e respaldada pela Secretaria Executiva de Articulação Política, formaliza esforços para abordar essa temática. A receptividade positiva do governador Paulo Dantas fortalece a ideia do observatório, o que garante seu subsequente desenvolvimento. A partir de fevereiro, ele será oficialmente inaugurado, consolidando-se como um espaço essencial para o fomento do diálogo político e conscientização dos formadores de opinião.
O projeto vai contar com a parceria de bolsistas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL). “A partir de fevereiro queremos levar a discussão para outras universidades e cidades alagoanas. Discutir com as lideranças locais, com os acadêmicos, com os estudantes, com a sociedade como um todo, o papel importante da política na vida da gente. Para se construir um país, para se construir justiça, para se fazer qualquer coisa, a política é fundamental”, destacou o vice-governador.
A análise de Roberto Amaral
Em suas palestras, que tiveram como tema a Atual Conjuntura Política Brasileira, Amaral afirmou que a população sempre esteve à margem das decisões políticas e que a história brasileira nunca foi contada sob a ótica dos menos favorecidos, porque estes não são chamados a fazer a construção da história, a participar das decisões, nem seus interesses, colocados em pauta de forma prioritária. “Esse projeto é a mais importante ação do Ronaldo Lessa de toda a sua vida pública”, afirmou o cientista.
Isso porque, para Amaral, é crucial romper com a apatia observada na esquerda atualmente. Essa falta de estímulo se deve, em muito, pela ausência de diálogo efetivo entre o governo Federal e a população, para explicar o impasse na execução plena de seu projeto popular – um entrave que se deve, em grande parte, à dependência do Executivo em relação ao Congresso Nacional.
A abordagem de Amaral destaca a urgência de revitalizar a militância, promover o retorno da esquerda às ruas e assegurar a participação dos setores menos favorecidos nas decisões políticas. Nesse contexto, emerge a importância estratégica de fomentar a formação política por meio de palestras e debates fundamentados na história, os quais contextualizam a conjuntura política brasileira contemporânea.
Simultaneamente, o resgate da capacidade de indignação e reivindicação pelas forças progressistas são postulados pelo cientista político como uma necessidade premente. Contudo, este resgate pressupõe a efetiva participação dessas forças no processo político, uma dinâmica historicamente carente de concretização no cenário político brasileiro.
O alerta de Amaral para a atual fragilidade da democracia brasileira e os potenciais riscos à sua sustentabilidade permearam o cerne do debate. Amaral afirma que a defesa eficaz do sistema democrático requer o esclarecimento da real situação por parte do povo, formadores de opinião e trabalhadores, mediante a promoção de debates como esses, embasados nas experiências políticas que delinearam a atual conjuntura.
/Assessoria