Uma nova globalização e que os “bilionários do mundo paguem sua justa contribuição em impostos”. Esses foram os principais pontos abordados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quarta-feira (28/2), em discurso na abertura da reunião de ministros de finanças e presidentes de bancos centrais dos países do G20, que reúne as maiores economias do mundo, mais a União Africana e a União Europeia.
O encontro acontece nesta semana no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Haddad, diagnosticado com Covid-19 no domingo (25/2), participou do evento de forma virtual.
Haddad afirmou que, nas últimas três décadas, os “discursos sobre a globalização oscilaram entre o otimismo desenfreado e a sua completa negação”. Para ele, o legado da última onda de globalização, “marcada pela busca de aumento da rentabilidade através da arbitragem trabalhista e regulatória em nível internacional, não é simples”.
“Ao mesmo tempo em que milhões saíram da pobreza, especialmente na Ásia, houve substancial aumento de desigualdades de renda e riqueza em diversos países”, disse. “Chegamos a uma situação insustentável, em que os 1% mais ricos detém 43% dos ativos financeiros mundiais e emitem a mesma quantidade de carbono que os dois terços mais pobres da humanidade.”
O ministro brasileiro acrescentou que a atual reação contra a globalização pode ser atribuída ao tipo específico de sistema que prevaleceu até a crise financeira de 2008. “Até então, a integração econômica global se confundiu com a liberalização de mercados, a flexibilização das leis trabalhistas, a desregulamentação financeira e a livre circulação de capitais”, afirmou.
“As crises econômicas resultantes causaram grandes perdas socioeconômicas. Enquanto a hiper-financeirização prosseguiu em ritmo acelerado, um complexo sistema offshore foi estruturado para oferecer formas cada vez mais elaboradas de evasão tributária aos super-ricos.”
/Metrópoles