Abril marca a chegada de uma nova quadra chuvosa em Alagoas, período que vai até setembro e que registra um aumento das precipitações em todo o Estado.
Diante de um cenário climático de mudanças, com ondas de calor que elevaram as temperaturas nos primeiros meses do ano e em que até fenômenos meteorológicos inéditos foram registrados, como um tornado registrado em fevereiro, há o questionamento: o que esperar desta temporada de chuvas em Alagoas?
Segundo as projeções da equipe da Superintendência de Prevenção em Desastres Naturais da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e de Recursos Hídricos (Spden/Semarh), a expectativa é de que este período seja de chuvas acima da média em diversas regiões do estado.
Espera-se que a intensidade seja maior na metade leste de Alagoas, abrangendo as regiões ambientais do Litoral, Baixo São Francisco e Zona da Mata. Esse prognóstico é resultado de uma série de fatores climáticos que influenciam no volume de precipitações na região.
Um desses fatores é o declínio do fenômeno “El Niño”, que está gradualmente perdendo força e caminhando para uma fase de neutralidade, e, posteriormente, a ascensão do fenômeno “La Niña”, que contribui para criar condições favoráveis para o aumento das chuvas.
“Entretanto, em minha análise, o que vai intensificar o volume de chuvas durante este período é a temperatura acima da média das águas do Oceano Atlântico, que estão bem mais quentes na Costa brasileira. Essa anomalia térmica alimenta o desenvolvimento de sistemas atmosféricos que trazem umidade e precipitação para o interior do continente, incluindo o estado de Alagoas”, contou o superintendente de Prevenção em Desastres Naturais, Vinícius Pinho.
Essa intensificação das chuvas é influenciada pelas chamadas “ondas de leste”, distúrbios atmosféricos que se formam sobre a costa da África e migram em direção ao nordeste brasileiro. Ao encontrarem águas mais aquecidas ao longo da costa, esses sistemas meteorológicos são energizados, resultando em chuvas mais volumosas e prolongadas em diversas áreas, que podem ficar vulneráveis diante da intensidade e da umidade do terreno.
Devido às chuvas de 2022, que deixaram mais de 56 mil pessoas desabrigadas, o Governo de Alagoas intensificou a preparação para a quadra chuvosa, com diversas ações efetuadas para uma prevenção mais eficiente.
Desde o ano passado, vem sendo realizados investimentos significativos na infraestrutura de monitoramento e alerta em todo o estado. Isso inclui aprimoramentos na Sala de Alerta e na rede de monitoramento hidrometeorológico, com a instalação de equipamentos modernos e a implementação de sistemas automatizados para coleta e análise de dados em tempo real.
“A Semarh tem intensificado seu trabalho. Organizamos em março o II Workshop de Projeção para o Período Chuvoso de 2024, reunindo autoridades, órgãos de monitoramentos e de defesa à vida, em especial Defesa Civil Estadual, municipais e Corpo de Bombeiros Militar, onde nosso corpo técnico e diversos especialistas realizaram uma análise do que esperar para esse período, e assim preparar-se diante de possíveis cenários”, informou o secretário Gino César.
A Spden/Semarh também mantém uma rede abrangente de pluviômetros automáticos, estações hidrológicas e meteorológicas modernas que, juntamente com o uso de imagens de satélite e radar meteorológico, monitoram de perto as condições em todo o estado.
Essa abordagem, baseada em dados e tecnologia, permite uma resposta mais ágil e eficaz a situações de emergência, ajudando a reduzir o impacto de desastres naturais e proteger a população, em especial os vulneráveis.
Em caso de observação de chuvas, a equipe da Spden/Semarh fica em plantão 24 horas, com meteorologistas e técnicos monitorando as condições climáticas e hidrológicas, trabalhando em escalas e turnos.
Em caso de identificação de chuvas significativas em áreas de risco, ou de possibilidade de aumento do nível dos rios, inicialmente é emitido um estado de atenção às Defesas Civis Estaduais e municipais.
Caso as condições se intensifiquem, são emitidos avisos meteorológicos e hidrológicos para as autoridades competentes e para a população, sendo transformados em Alerta quando indicam risco à vida. Essas medidas têm como objetivo precaver a população e facilitar ações preventivas, como evacuações e realocações.
É importante ressaltar que o risco de desastres naturais durante a quadra chuvosa permanece presente, especialmente em áreas propensas a inundações e deslizamentos de terra.
Portanto, a colaboração e o engajamento da comunidade são fundamentais para garantir a segurança e a resiliência de todos os alagoanos diante dos desafios que podem surgir nos meses à frente.
/Agência Alagoas