*Redação
Representando as vítimas do afundamento provocado pela extração de sal-gema em Maceió, Alexandre Sampaio, presidente da Associação das Vítimas de Mineração, pediu a anulação do acordo feito com a Braskem e redefinição de valores. A solicitação foi feita durante mais uma oitiva da CPI que apura o desastre causado pela mineradora.
Alexandre alegou desigualdade nas negociações e falou que as propostas devem ser definidas não só pelo aspecto imobiliário, mas também por questões morais, comerciais e econômicas. “Eu queria dizer para os acionistas da BRKM5 que, a cada negociação das suas ações na bolsa de valores, respinga um pouco do sangue das vitimas da Braskem. Respinga um pouco da dor e da injustiça”, alegou.
Alexandre Sampaio falou, ainda, sobre um suposto acordo com autoridades para que a área seja explorada comercialmente depois que o terreno for estabilizado. “Por isso que a gente vem aqui dizer que, enquanto ela distribuiu mais de R$ 13 bilhões de lucro nos últimos anos, mais de seis mil empresas, 12 mil empreendedores, 60 mil moradores, 15 mil trabalhadores e uma outra quantidade enorme de pessoas não reconhecidas nos acordos, foram penalizadas”, continuou.
O representante do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem, Cássio Silva, lamentou. “Me disseram, ‘ah ela está fazendo alguma coisa’. Sim, mas alguma coisa é muito pouco. Se nos contentarmos com alguma coisa, que país vamos querer para os nossos filhos, os nossos netos, bisnetos… pro nosso futuro?”, perguntou.
No fim do ano passado, a Braskem foi multada em mais de R$ 72 milhões por danos ambientais, risco de colapso e desabamento da mina 18, na região de Mutange. Com relação aos moradores, foi instituído um Programa de Compensação Financeira em 2019. Entre outros pontos, o acordo garantiu que a empresa custeasse todas as medidas de desocupação das pessoas da área de risco delimitada pela Defesa Civil e também a indenização pelos danos materiais e morais.
O acordo não fixou valores, apenas garantiu um mínimo de R$ 81,5 mil para imóveis que o valor de mercado fosse inferior. Em nota, a empresa disse que os cinco acordos firmados estão sendo cumpridos integralmente e eles envolvem várias medidas como: compensação financeira, ações ambientais, monitoramento do solo e fechamento definitivo dos poços de sal.
/Agência Brasil