Nycole Melo
Uma família de Teotônio Vilela, Zona da Mata alagoana, enfrenta momentos de angústia em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, após uma viagem que tinha como propósito o casamento de Fabiane Francisca, natural de Alagoas, com Gilberto Luis, catarinense. A visita que deveria ser de celebração acabou em tragédia.
A cerimônia, marcada para 30 de abril, estava prestes a acontecer em um sítio na cidade próxima ao local onde a família está abrigada. No entanto, a intensidade das chuvas na região interrompeu os preparativos para o evento devido ao aumento do nível do rio nas proximidades e à invasão das águas naquela localidade.
Atualmente, cerca de 10 alagoanos estão isolados no centro do município, a 180 km de Porto Alegre, e tentam encontrar uma maneira de voltar para Maceió. Entre eles, está a irmã da noiva, Raineria Francisca da Silva, que relatou os momentos de angústia que sua família enfrentou, descrevendo o que para ela parecia o “fim do mundo”.
“Assim, cada hora que passava e se aproximava mais do casamento, mais desesperador era. Então, foi um dia horrível. Eu nunca pensei em viver isso. A gente vê muito na televisão, mas eu nunca pensei em passar pela situação que a gente passou aqui e está passando até agora”, desabafou.
Os alagoanos, agora, enfrentam o desafio de retornar a Maceió. Após dias de tentativas, as passagens foram marcadas para a próxima sexta-feira (10), com partida de Chapecó/SC. No entanto, para chegar ao aeroporto, a família precisa percorrer cerca de 5 horas.
Assim, Raineria e seus parentes permanecem incertos sobre as condições de partida. As opções incluem pegar a estrada rumo a Chapecó ainda nesta quarta-feira (8), mas tudo depende das condições meteorológicas na cidade onde estão abrigados.
“Depois disso tudo a gente fica aqui todo mundo preso sem poder voltar. Voo cancelado, aquela angústia pra voltar… dá muito medo de sair na estrada e acontecer a gente ficar preso na estrada, mas a gente vai arriscar porque a gente já tá aqui, não aguenta mais ficar aqui”, afirmou Francisca.
DESAPARECIMENTO DE UM FAMILIAR
Além de todo o terror, o desaparecimento do catarinense Carlos Wolfart, de 41 anos, familiar do noivo, desde o dia 30 de abril, deixa a situação de isolamento ainda mais sensível.
A família relata que, durante a preparação da cerimônia, a chuva se intensificou e o homem foi até às margens do rio para verificar o nível, porém, não conseguiu voltar para o sítio e acabou ficando preso em cima de uma árvore por pelo menos 10h.
As tentativas de resgate foram diversas, incluindo o uso de um helicóptero. Contudo, não era possível sobrevoar o local, devido ao mau tempo. Além disso, foram realizadas solicitações de ajuda à Defesa Civil e até mesmo a ida com um jet ski até a região. Quando Gilberto Luís, cunhado do desaparecido, chegou ao local, a enxurrada havia arrastado a árvore em que Carlos estava.
“Estamos nessa, nessa tristeza do cunhado desaparecido, a família em luto e a outra parte na angústia de voltar para casa, então esse é o momento que a gente está vivendo”, declarou Gilberto Luís.