Ana Júlia Gomes e Natália Barros
Nesta semana, um interlocutor do prefeito João Henrique Caldas, o JHC, esteve na Câmara de Maceió pressionando vereadores da base aliada para colocar em votação e aprovar o empréstimo de R$ 400 milhões.
O ‘pedido’ teria desagradado a base aliada, que se sente desprestigiada pelo gestor. Segundo ela, até agora, JHC vem contemplando apenas pedidos de Galba Netto, presidente da Câmara Municipal.
Em nome de JHC, seu representante disse que agora a história seria diferente e os pedidos seriam atendidos. No entanto, os vereadores insatisfeitos com as promessas não cumpridas pelo chefe do executivo de Maceió se recusam a acreditar no que consideram ser mais uma ‘falácia’ do prefeito. A gestão vem entrando em descrédito num momento delicado, na reta das disputas eleitorais para Câmara e o Executivo Municipal.
Conforme justificou JHC, os R$ 400 milhões seriam destinados ao financiamento do “Programa Avança Maceió”, que tem como finalidade a realização de obras na capital, bem como iniciativas de cidadania. A obtenção está vinculada ao Programa de Financiamento ao Saneamento e à Infraestrutura (FINISA) da Caixa Econômica Federal.
Vários vereadores, contudo, ressaltaram que “não há clima para aprovação”. Primeiro pelo receio de repercussão negativa entre seus possíveis eleitores, já que o pleito ocorre neste ano, e segundo pela falta de transparência nas explicações sobre a aplicação desse recurso.
“Não há previsão para votação da matéria. Não acho coerente o prefeito JHC pedir autorização à Câmara de Maceió para pegar esse empréstimo de R$ 400 milhões em um momento em que a Prefeitura de Maceió está com os cofres cheios de dinheiro”, alegou o vereador Joãozinho (MDB).
Segundo ele, somente em 2023, o município recebeu da empresa da Braskem R$ 700 milhões e, caso não haja prudência e responsabilidade fiscal, essa dívida de R$ 400 milhões “poderá prejudicar até o funcionamento da administração municipal, atrasando a folha de pagamento dos servidores e ocasionando a suspensão de alguns serviços à população”.
GRANA DA BRASKEM
Os questionamentos dos edis vão além da preocupação com os eleitores e da falta de transparência. Muitos se perguntam sobre como JHC está utilizando o dinheiro recebido do acordo firmado com a Braskem.
No dia 15 de abril, a mineradora realizou mais um pagamento à prefeitura de Maceió no valor de R$250 milhões, referente ao montante total de R$1,7 bilhão. Com essa transação, a empresa quitou mais de 50% do valor previsto.
Até o momento, foram pagos R$950 milhões, sendo R$600 milhões em agosto e R$100 milhões em dezembro do ano passado, além dos recentes R$250 milhões.
Em dezembro passado, o prefeito JHC (PL) anunciou que cerca de R$ 400 milhões já haviam sido utilizados, principalmente para a aquisição do Hospital do Coração, ao custo de R$266 milhões, além de investimentos em obras de mobilidade urbana.
SHOWS MILIONÁRIOS
JHC continua ignorando as cobranças públicas de artistas e prestadores de serviço de Maceió e, apesar disso, no início de abril, anunciou a programação do Massayó São João 2024, com atrações nacionais e uma mega estrutura.
O evento deste ano carrega a mácula do São João do ano passado, que deixou em aberto os cachês de dezenas de profissionais que trabalharam naquele período.
Vale ressaltar que, além do valor gasto com estrutura, o investimento milionário tende a repetir os nomes das atrações nacionais que vêm marcando presença nos shows promovidos pela prefeitura de Maceió.
Com cachês que variam entre R$ 400 mil a quase R$ 1 milhão, nomes como Léo Santana, Alok, Bell Marques, Wesley Safadão e Gusttavo Lima estão confirmados em mais um ano de festança de JHC.