Ana Júlia Gomes e Natália Barros
Na última quarta-feira (8), durante coletiva de imprensa relativa à vistoria da CPI da Braskem em Maceió, o senador Rodrigo Cunha foi questionado sobre o acordo de R$ 1.7 bi da gestão JHC com a mineradora. A resposta de Cunha acerca da transparência do caso, no entanto, não foi clara.
A Folha de Alagoas indagou ao parlamentar sobre a transparência dos dados e repasse de recursos referentes ao Fundo de Amparo ao Morador, medida anunciada pelo prefeito João Henrique Caldas em julho de 2023.
O fundo seria destinado às vítimas do afundamento do solo provocado pela mineração da Braskem. À época, JHC anunciou em suas redes sociais que o programa seria gerido por um comitê composto por representantes de instituições, entidades e membros da sociedade civil organizada, para discutir apoio financeiro às vítimas, isenção de cinco anos do IPTU, apoio jurídico e psicossocial, e crédito aos empreendedores das áreas afetadas.
Durante a entrevista, Cunha mencionou o recente depoimento do Procurador-Geral do Município João Luís Lobo em oitiva realizada no final de abril: “O procurador, na própria CPI, demonstrou que há um local de transparência, com uma rúbrica específica, onde a própria população e os órgãos de controle acompanham”.
“Inclusive, acredito que ainda no final de maio para início de junho esse fundo também está sendo criado, com as informações que foram passadas. Então, é isso, é para a população acompanhar. Todo o recurso feito neste acordo deve ser revertido para a população, não resta dúvida”.
Além de não detalhar as providências que a gestão JHC está tomando a partir do Fundo de Amparo ao Morador, Rodrigo Cunha desconversou, citando outros projetos da prefeitura de Maceió, sem deixar muito clara a relação com o valor recebido pelo acordo com a Braskem.
A equipe da Folha de Alagoas procurou o presidente da Associação dos Empreendedores Afetados pela Mineração da Braskem, Alexandre Sampaio, que afirmou desconhecer o portal de transparência mencionado. “Não tem transparência nenhuma na aplicação desse dinheiro, não foi discutido com a população. Se esse portal existe, deve ser disponibilizado”, disse.
O Fundo de Amparo, segundo Alexandre, é coordenado por pessoas “ligadas à prefeitura, totalmente subservientes, então não serve de nada”. A fala do ex-coordenador do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem desmente a posição do senador Rodrigo Cunha sobre a condução da prefeitura de Maceió no Caso Braskem.
Aparentemente, o parlamentar alagoano quase sempre demonstra desconforto quando é questionado sobre as ações da gestão municipal, conduzida por JHC.
A prefeitura de Maceió foi procurada para prestar esclarecimentos mas, até o encerramento da matéria, não se posicionou sobre o caso.