Leonardo Ferreira
Evany Malaquias, mãe de Kleber Malaquias, assassinado em 2020, no Bar da Buchada, em Rio Largo, mas cujo julgamento dos acusados pelo crime se inicia nesta quinta-feira (19), clama que a justiça seja feita. Ela também relatou à reportagem um cenário de medo às vésperas do júri popular.
“Espero que a justiça seja feita pelo meu menino Kleber, que era um bom homem, pai e filho. Imploro por justiça, já não tenho mais o que perder, somente minha vida mesmo, mas Deus é maior e confio nele. Quero agradecer à Polícia Federal pela colaboração na investigação, aos promotores e defensores que estão na luta em prol da sociedade alagoana, bem como aos jornalistas”, disse Evany.
Os réus José Mário de Lima Silva, Edinaldo Estevão de Lima e Fredson José dos Santos vão a júri popular no Fórum do Barro Duro, depois que o julgamento previsto para 17 de julho fora adiado. Com isso, o Judiciário remarcou para 19 de setembro o júri popular.
José Mário teria sido o responsável por marcar o encontro que discutiria questões eleitorais de 2020 com a vítima, enquanto Fredson teria puxado o gatilho. Kleber era conhecido por diversas denúncias contra políticos e autoridades, até mesmo em rede nacional, sendo esta a possível motivação do crime.
Além deles, outros três envolvidos, Marcelo José Souza da Silva, Jefferson Roberto Serafim da Rocha e Marcos Maurício Francisco dos Santos, ainda serão julgados, provavelmente nos próximos meses. O grande mistério até então é quem seria o mandante do crime, que tem claramente viés político.
Medo
Evany, depois da morte do seu esposo, o pai de Kleber, em 2023, decidiu deixar o município de Rio Largo, e relatou agora que, nos últimos dias, ela recebeu informações de que houve movimentação estranha de veículos perto da sua antiga residência.
“Esses dias estiveram circulando lá perto da minha casa com carros pretos, escuros, gente tirando foto, procurando o paradeiro do meu outro filho. Estou muito distante por medo de morrer, porque esses covardes [mandantes] são capazes de tudo e contratam pistoleiros para tirar vidas, como a do meu filho, e para me assustar”, desabafou.
Ela deve acompanhar o julgamento via conferência, por medo de estar pessoalmente. “Esses infelizes destruíram uma família humilde, trabalhadora, que vivia na cidade de Rio Largo. Perdi meu esposo, que entrou em depressão, teve derrame e faleceu. Hoje vivo à base de medicamentos”, completa Evany.