Isadora Noia*
Nesta segunda-feira (11), funcionários concursados do Conselho Regional de Farmácia de Alagoas (CRF-AL) entraram em greve pela primeira vez na história. A decisão de paralisar as atividades se deu devido a uma série de problemas estruturais e de gestão enfrentados pelos trabalhadores, incluindo atraso no pagamento de salários, descumprimento de acordos trabalhistas e condições insalubres de trabalho.
O movimento grevista é consequência direta de uma longa lista de reivindicações que, segundo os funcionários, vêm sendo ignoradas pela administração do CRF-AL. Entre os principais motivos para a paralisação estão o descumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) de 2023-2024 e a falta de negociações para o ACT de 2024-2025. “Estamos sem receber salário e, além disso, o Acordo Coletivo não está sendo respeitado”, afirmou uma funcionária, que preferiu não se identificar.
Além da questão salarial, os trabalhadores denunciam as péssimas condições de infraestrutura da sede do CRF-AL. De acordo com os relatos, a estrutura do local está em estado precário, com problemas que incluem falta de água nos banheiros e infestação de insetos. Segundo os funcionários, o ambiente de trabalho é insalubre, com presença frequente de cupins, baratas e até escorpiões.
A greve foi deflagrada por tempo indeterminado, e os trabalhadores afirmam que o movimento continuará até que suas reivindicações sejam atendidas. A expectativa dos grevistas é de que a administração abra um canal de diálogo para buscar uma solução que contemple as demandas dos funcionários.
A paralisação dos funcionários do CRF-AL deve gerar impactos no atendimento de diversas demandas da categoria farmacêutica em Alagoas, uma vez que são os servidores concursados que respondem pelos serviços e atendimento à população.
Confira a nota do CRF-AL na íntegra:
A diretoria do Conselho Regional de Farmácia de Alagoas vem a público, e principalmente aos farmacêuticos alagoanos, desmentir a notícia informada pelo Sindicato dos Conselhos de Fiscalização Profissional (SINCOAL) a respeito do motivo da greve dos funcionários efetivos do CRF-AL.
O referido sindicato informa que os servidores declararam greve em virtude do atraso de salário, quando o motivo real foi o irredutível pedido de reajuste salarial de 10%, mesmo tendo reajustes iguais ou acima da inflação nos últimos 5 anos, que foi prontamente negado pela diretoria em virtude do comprometimento orçamentário e financeiro e por entendermos que o dinheiro das anuidades pagas pelos farmacêuticos não pode ser irresponsavelmente negociado sem que haja justificativa plausível.
Sobre o atraso dos salários, informamos que a folha salarial de outubro teve vencimento nesta quinta-feira, 07/11, caracterizando assim 01 dia de atraso. Historicamente todos os salários dos servidores do CRF-AL sempre foram pagos dentro do mês trabalhado, nunca havendo histórico de atraso, ao contrário, sempre havendo pagamento antecipado.
Como providência, e para não ocasionar nenhum dano aos servidores, protocolamos no dia 23/10/2025 junto ao Conselho Federal de Farmácia pedido de urgência de subvenção para pagamento da folha e encargos salariais. Somente em 08/11/2024 tivemos a resposta que a diretoria do CFF havia autorizado e que o processo seria concluído e o recurso enviado. Salientamos que desde o dia 15/08/2024 os servidores efetivos do CRF-AL convocaram uma assembleia com pauta de deflagração de greve, quando nenhum dos salários estavam atrasados! Foi necessário intervenção do MPT ordenando que o Sincoal se abstivesse de qualquer atividade grevista enquanto estivéssemos no processo de mediação pra fechamento do acordo coletivo de trabalho.
É muito importante que os farmacêuticos alagoanos saibam que somente a folha salarial e os encargos dos servidores do CRF correspondem a 61% do nosso orçamento anual, com valores superiores a 2 milhões e 700 mil reais. Outros 25% é repassado por lei ao CFF, restando à diretoria realizar a gestão de todos os contratos, planos de saúde, aluguéis, contas e demais despesas com 14% do orçamento.
Não há ingerência no CRF-AL, como oportunistas tentam apresentar.
O que nos prontificamos a fazer, mesmo contrariando os interesses de alguns servidores, foi garantir que a anuidade paga pelo farmacêutico seja utilizada de forma racional, sendo dividida para que funcionários estejam satisfeitos e dispostos a ajudar ao farmacêutico, mas que também tenhamos investimentos na fiscalização, operação administrativa, educação continuada, entre outros.
Informamos que o CRF/AL continuará a funcionar normalmente em Maceió e com horário reduzido em Arapiraca. Todos os serviços, com exceção da fiscalização, continuarão a ser realizados.
Aproveitamos para reafirmar o nosso compromisso com a CLASSE FARMACÊUTICA, e que estamos tomando as providências legais para solucionarmos o impasse.
/Estagiária sob supervisão