A proximidade do final do ano trouxe um alívio moderado na queda do Índice de Consumo das Famílias (ICF), em Maceió. Segundo levantamento do Instituto Fecomércio AL, em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o indicador registrou retração de -0,4% na variação mensal, em novembro, demonstrando uma redução significativa no ritmo da queda quando comparado aos -1,4% de outubro. Apesar da melhora, o momento ainda é de cautela, influenciado pela insegurança no emprego e a pressão do custo de vida sobre a renda familiar.
Para chegar à mensuração do ICF, são observados sete pontos que vão da percepção com o emprego atual à intenção de consumo; os chamados subindicadores. Em novembro, impulsionados pelo pagamento do 13º salário e pelas contratações temporárias, os subindicadores de emprego atual (1%), de acesso ao crédito (1,8%) e de consumo atual (0,4%) apresentaram melhoras.
Crescimento também, embora tímido, do subindicador de momentos para duráveis (0,6%). “Apesar de ser um desempenho positivo, houve uma redução neste crescimento quando comparado aos 2,4% de outubro. Provavelmente um reflexo dos juros mais altos, já que os bens duráveis têm a venda dependente de crédito”, avalia o assessor econômico do Instituto Fecomércio, Francisco Rosário.
Os subindicadores que tiveram desempenho negativo foram renda atual (-1,9%), perspectiva profissional (-2,1%) e perspectiva de consumo (-1,2%). “São pontos de preocupação para 2025, pois continuam em queda, refletindo o desânimo do consumidor maceioense em relação ao futuro econômico. Esses fatores indicam que, mesmo com a proximidade das festas de fim de ano, o ‘espírito natalino’ ainda não impulsionou significativamente o consumo”, reflete.
Impacto por faixa de renda
Quando se observa a faixa de renda, famílias com rendimentos acima de 10 salários mínimos (10 SM) têm demonstrado maior confiança e aumento na intenção de consumo (1,4%), enquanto famílias de menor renda (até 10 SM) sentem os reflexos do de endividamento e inadimplência e buscam controlar as despesas, o que fez com que o consumo recuasse -0,6%, em novembro.
Numa aparente contramão, as famílias com orçamento acima de 10 SM estão menos propensas às compras a prazo, ao passo que as famílias com ganhos até 10 SM estão parcelando as compras, fato que manteve o indicador com resultado positivo (1,8%) na comparação mensal. “A explicação provável é que o uso do crédito pelas famílias de menor renda, a despeito do alto custo desse expediente, seja para complementar o consumo regular das famílias, haja vista a contínua carestia na cidade de Maceió”, observa o economista.
Percepção no emprego e oportunidades
A análise da percepção sobre o emprego também revelou dinâmicas distintas. Entre as famílias de maior renda, a estabilidade no mercado de trabalho pós-eleições contribuiu para uma melhora significativa na confiança em novembro (4,1%). Já entre os consumidores de menor renda, o impacto das vagas temporárias foi tímido, com um aumento de apenas 0,8% na percepção de emprego atual, mesmo ante a perspectiva de contratação em janeiro. No geral, houve um crescimento de 1% na percepção. Apesar de não ser um percentual alto, é um marcador importante, já que, em outubro, o subindicador teve queda de -1,6%.
Mesmo em um cenário de retração, o economista acredita que o momento pode ser de oportunidade para o setor varejista com o incremento de estratégias para fomentar as vendas de fim de ano. “O empresário pode realizar promoções agressivas em itens essenciais e firmar parcerias com empresas locais oferecendo descontos exclusivos a funcionários públicos e trabalhadores de empresas parceiras, aproveitando a leve estabilidade percebida no emprego, são algumas possibilidades”, exemplifica Rosário. Outra alternativa que funciona bem são campanhas de marketing focadas na experiência de compra, como eventos temáticos e sorteios, como já estão ocorrendo nos shoppings da cidade, podendo tornar a experiência de compra mais atraente, ao mesmo tempo em que incentiva o aumento do consumo.
/Fecomércio AL