Conciliar trabalho, pesquisa, cuidados com a família e conseguir aproveitar o tempo livre fazendo o que gosta. Essa é uma rotina que a maioria das mulheres brasileiras não consegue manter. Mas Sheyla Fernandes, professora do Instituto de Psicologia (IP), compreendeu que dedicar um espaço na agenda para praticar um hobby é uma maneira de cuidar melhor de si mesma para estar bem no cuidado com os outros.
A escolha do tênis como modalidade esportiva não foi uma iniciativa voltada ao autocuidado. A ideia era passar mais tempo com a família, que incluiu a prática do esporte na rotina. No entanto, a docente passou a gostar dos desafios impostos pela nova atividade, a qual se dedica há, pelo menos, 15 anos.
“O tênis entrou na rotina da família, inicialmente. E por isso entrou na minha rotina também. Este é um aspecto central, pois não foi a partir do autocuidado. Eu fazia parte das estatísticas de mulheres que sentem culpa ao usarem seu tempo livre para si. Em prol de passar parte desse tempo livre com a família, começamos no tênis. Eu, meu marido, duas filhas e um filho. São 15 anos na prática dessa atividade. Nos apaixonamos pelo senso de coletividade, pela ética, pela competitividade saudável e pela noção de resiliência que cada desafio perdido ou vencido promove”, relembrou a docente.
De acordo com Sheyla, o momento do dia em que se dedica a prática do tênis é importante para se desconectar das obrigações. É uma prática saudável para o corpo e para a mente.
“O impacto dessa atividade na minha vida gira em torno da aprendizagem e do treinamento constantes de novas habilidades pessoais e sociais. Além de muito prazer, interação, diversão e entretenimento, em uma partida de tênis, experimentamos um alívio das tensões do dia a dia, um elevado poder de concentração, inspiração e criatividade. Não fosse o bastante, ainda temos diversos benefícios físicos” avaliou.
Manter a constância sem perder o interesse
Manter-se de maneira constante em uma prática esportiva não é fácil: demanda determinação, foco e recursos que nem sempre são acessíveis de maneira equitativa para todas as pessoas. No entanto, Sheyla afirma que, se é compatível com a realidade e a pessoa tem interesse em se manter firme, é necessário realizar alguns ajustes na rotina e praticar algumas habilidades como resiliência, persistência e senso de responsabilidade.
“Temos uma geração extremamente fluida e com baixa resistência às adversidades. Ou seja, no primeiro desafio ou desconforto, ocorre a desistência. Assim, algo muito comum que se observa nas práticas de lazer e esporte, sobretudo, das pessoas mais jovens, é a falta de persistência e paciência nas mesmas atividades a longo prazo. Assim, como ter um hobby se a todo momento as pessoas desistem do que estão fazendo? A desistência gera falta de engajamento, diminui a autoeficiência, prejudica a identidade e o sentimento de pertença”, explicou.
A prática esportiva também demanda o planejamento de tempo. “É necessário ser sistemático. No meu caso, são treinos fixos realizados em horários marcados com auxílio de um professor ou professora. No entanto, também tenho momentos de lazer coletivo com demais mulheres tenistas, dentro de horários flexíveis cujo objetivo é apenas a distração”.
Uma prática, inúmeros benefícios
Segundo Sheyla, o esporte trouxe inúmeros benefícios para a sua vida e ela recomenda que as pessoas, especialmente mulheres, separem um período diário ou, pelo menos, semanal para a prática de atividades que despertem interesse, no tempo livre.
“Inclusive, a prática do tênis tem aumentado amplamente entre as mulheres e com isso formamos redes de apoio e amizade que vão além do esporte. Tanto para os treinos fixos, quanto para as partidas livres, eu reservo, ao menos, uma hora por dia. Ou seja, já é parte integrante da rotina de casa, da família e da minha”, afirmou.
No entanto, apesar dos benefícios, a docente alerta que a busca por lazer e hobbies precisa ser bem pensada para que eles não se enquadrem como mais uma obrigação. “É essencial enxergar o hobby, seja ele uma prática esportiva, um trabalho manual ou uma atividade artística, como um respiro na rotina e não como uma meta a ser cumprida. Hobbies devem ser flexíveis e adaptáveis, sem cobranças excessivas. Permitir-se errar, curtir o processo e entender que nem todo dia será produtivo são estratégias que mantêm a atividade como um momento genuíno de prazer e bem-estar”, concluiu.
/Ascom Ufal