Centenas de cristãos compareceram, na noite dessa segunda-feira (21), à Catedral Metropolitana de Maceió para a missa em sufrágio ao Papa Francisco, que fez sua Páscoa definitiva na madrugada de ontem.
A Missa Exequial foi presidida pelo arcebispo metropolitano, Dom Beto Breis, que destacou o sentimento de gratidão ao pontífice. O momento contou ainda com a presença dos membros do clero da Arquidiocese de Maceió.
O arcebispo Dom Beto iniciou a celebração recordando a entrada do Santo Padre na Basílica de São Pedro, no Domingo de Ramos, dia 13 de abril, quando foi aberta a Semana Santa.
Rememorando a entrada humilde de Jesus Cristo em Jerusalém — passagem bíblica simbolizada pelo Domingo de Ramos — o arcebispo pontuou que o Papa também se revestiu de simplicidade e apareceu aos fiéis em uma cadeira de rodas, sem as vestes papais, no Domingo da Paixão de Cristo.
“Despojado e humilde. Foi rezar diante do túmulo de um grande papa, São Pio X. Depois prolongou sua Paixão e, no dia em que o Senhor ressuscitou, ele também celebrou a Páscoa — configurado em Cristo em vida e configurado em Cristo em sua morte”, disse Dom Beto ao iniciar a Santa Missa.
Segundo o arcebispo, durante a homilia, o Papa Francisco viveu seus últimos dias em sofrimento, trazendo em seu corpo as marcas da Paixão de Jesus. Antes de morrer, o pontífice ficou internado por 38 dias. Fazia um mês que havia recebido alta. No Domingo de Páscoa, um dia antes de sua partida, ele apareceu na Basílica de São Pedro e proferiu sua última mensagem aos fiéis.
“Na oitava da Páscoa, o Bom Pastor chama o vigário da terra”, afirmou Dom Beto. O arcebispo enfatizou que o papado de Francisco ocorreu em meio a “guerras atrozes”, extremismos e uma pandemia que abalou o mundo por três anos, cujas consequências ainda são sentidas nos dias atuais.
“O Papa Francisco tem sido uma voz que interpela, clama e, ao mesmo tempo, acalenta a esperança”, complementou o metropolita.
Durante a missa, foi lembrada a entrada solitária do Papa Francisco na Praça São Pedro, no Vaticano, durante a pandemia. Imagens do pontífice emocionaram cristãos e não cristãos no mundo inteiro. Mesmo diante do vazio provocado pelo isolamento social, Dom Beto recorda que o Papa Francisco dizia: “A praça nunca esteve tão cheia”.
Na homilia, Dom Beto destacou uma palavra para definir o sentimento que todos os cristãos devem ter pelo Papa Francisco: “Obrigado”.
“Desde cedo, quando soube da Páscoa definitiva do Papa Francisco, uma palavra que veio ao meu coração foi: obrigado. Fui à capela rezar e disse ‘obrigado’. Disse com a força que essa palavra tem na língua portuguesa. Somente no português agradecemos num nível mais profundo, apontado por São Tomás de Aquino: eu me sinto obrigado. Há um vínculo entre eu e você, e entre nós e o Papa. Hoje devemos dizer ao Papa: ‘Obrigado’”, refletiu Dom Beto.
Ainda durante a homilia, o metropolita ressaltou que, ao longo de sua trajetória religiosa, o Papa Francisco convidou todos os cristãos a serem portadores da boa notícia. Já no início de seu pontificado, lembra Dom Beto, ele convocava todos a viver o sentimento da compaixão e a não serem indiferentes.
“A indiferença é uma apatia, é uma pandemia. Ele clamava: não sejamos apáticos e indiferentes. A marca do Papa Francisco era a marca da humanidade. Sabemos que grande parte da humanidade hoje diz: ‘obrigado’. E isso significa que queremos continuar sendo uma Igreja compassiva, que se faz presente nas periferias existenciais, como bons samaritanos do evangelho. Uma Igreja que caminha junto, de compreensões, de sinodalidade. Uma Igreja servidora, ao estilo do Evangelho, como tanto insistiu o Papa Francisco”, explanou Dom Beto.
A fiel Roberta Rossana, de 42 anos, esteve presente na Missa Exequial do Papa Francisco, na Catedral Metropolitana de Maceió. Emocionada, ela chorou ao falar sobre a partida do pontífice, por quem tem grande estima e cujo sacerdócio acompanhava cotidianamente.
“O nome dele é Francisco, é um dos santos por quem sou apaixonada — São Francisco de Assis. E eu não tive a honra de conhecê-lo, nem de vê-lo, nas duas vezes em que fui à Itália. Ele amou o próximo, tocou o coração das pessoas, ele sempre rezava e acolhia a todos — cristãos e não cristãos. E isso é lei pra mim. Vai deixar tristeza, saudade, mas vai estar vivo sempre em nosso coração. E que Deus, como eu queria agora, escolha uma pessoa também que seja boa, que tenha um coração, que olhe como ele olhava. O olhar dele era como o de Cristo em nós”, declarou Rossana.
/Assessoria