Redação
A morte do adolescente Gabriel Lincoln Pereira da Silva, 16 anos, numa intervenção policial em Palmeira dos Índios, está sendo comparada ao caso do empresário arapiraquense Marcelo Leite, vítima de um tiro de fuzil disparado pela Polícia Militar durante abordagem em novembro de 2022.
Os casos estão separados por dois anos e meio, já que Gabriel faleceu no sábado, dia 3 de maio de 2025, mas aparentam ter as mesmas características: o despreparo e a truculência de policiais militares em abordagens cotidianas, além de possível fraude processual.
A relação foi publicada pela página que pede justiça por Marcelo Leite. “Esse caso, infelizmente, não é exceção. Hoje, mais uma família alagoana enterra um ente querido, vítima do despreparo de uma polícia que deveria proteger, mas se tornou um símbolo de medo, de injustiça, de morte”.
“Assim como Gabriel, como Danilo [outro caso citado, ocorrido no ano de 2021 em Arapiraca], como Marcelo, milhares de famílias estão de luto. Um luto que se mistura com revolta. Uma dor que clama por justiça”, acrescenta a publicação.
Gabriel pilotava uma motocicleta, avançou um sinal vermelho e realizou manobras perigosas numa avenida em Palmeira dos Índios, como mostram câmeras de segurança. A guarnição da PM teria ordenado a parada três vezes, mas não foi atendida.
Segundo os militares, Gabriel teria sacado um revólver e efetuado um disparo contra a viatura. Um dos policiais revidou com um único disparo, que atingiu o adolescente. A PM afirmou que com o jovem foi apreendido um revólver calibre 38 com cinco munições intactas e uma deflagrada.
A família, porém, alega que Gabriel era um menino trabalhador, que pode ter ficado assustado com a polícia, mas que jamais estaria com uma arma de fogo, que pode ter sido plantada pelos policiais na cena para justificar o homicídio. Além disso, seria impossível Gabriel pilotar e atirar ao mesmo tempo.
Já Marcelo Leite foi baleado enquanto passava por uma viatura da Polícia Militar em alta velocidade, em Arapiraca. A versão dos PMs era de que o empresário estava armado e mirou a arma na direção da viatura, mas a investigação apontou que um revólver foi plantado na cena do crime.
Os três policiais da ação foram indiciados pela Polícia Civil e denunciados pelo Ministério Público Estadual. Em liberdade, eles aguardam julgamento, o que deve acontecer ainda em 2025. Agora, a investigação é para esclarecer o caso de Gabriel Pereira.
“O mínimo — o mínimo! — seria o afastamento desses assassinos, a perda definitiva da farda manchada de sangue inocente. Mas o que vemos? Vista grossa. Silêncio institucional. Cumplicidade”, finaliza o texto, que também presta solidariedade à família de Gabriel.