Por Geraldo de Majella
Na narrativa cuidadosamente construída por João Henrique Caldas (JHC), ele se apresenta como o “reborn” da política alagoana — um gestor jovem, que rompe com os esquemas tradicionais e promete um novo tempo para Maceió. Porém, essa imagem de renovação se desfaz rapidamente quando confrontada com a realidade das periferias da cidade, onde bairros como Bom Parto, Flexais, Clima Bom e a orla lagunar ainda aguardam as mudanças concretas que jamais chegam.
O que se observa, na verdade, é um prefeito marcado por traços clássicos do narcisismo político — um comportamento caracterizado pelo excesso de foco na própria imagem e necessidade constante de aprovação, muitas vezes em detrimento da escuta real das demandas sociais. Narcisismo, em resumo, é a busca incessante por admiração e a construção de um eu grandioso, mesmo que desconectado da realidade concreta que deveria administrar.
Esse traço é exacerbado pela construção de um mundo paralelo nas redes sociais, onde JHC parece mais preocupado em manter uma vitrine digital impecável do que em enfrentar os desafios reais da cidade. Vídeos, lives e posts cuidadosamente produzidos criam uma percepção de eficiência e transformação, enquanto as enchentes, o lixo acumulado e a precariedade dos serviços públicos seguem como sombras invisíveis por trás da tela.
Além disso, a juventude e a aparência de renovação política não traduzem maturidade para aceitar críticas ou a pluralidade democrática. JHC demonstra pouca tolerância para ser contestado, preferindo reforçar sua própria narrativa e silenciar vozes dissidentes, uma postura que se distancia da prática política aberta ao debate democrático.
O discurso do “reborn” pode até soar como promessa de mudança, mas na prática, é uma espécie de reencarnação do velho fisiologismo, com as mesmas práticas clientelistas e falta de transparência que sempre marcaram a política local. Se o renascimento político é vendido como ruptura, ele não passa de uma maquiagem para esconder o que permanece intacto: o abandono das áreas mais vulneráveis, a ausência de políticas estruturantes e a perpetuação das desigualdades.
Assim, o “reborn” que governa Maceió hoje está preso à sua própria imagem, um reflexo invertido no espelho das redes sociais, longe da realidade urgente e concreta que a cidade exige. Enquanto isso, a verdadeira renovação política e social segue como um desejo não realizado para milhares de maceioenses.
No espelho do ‘reborn’, o reflexo de JHC é só a máscara de um velho jogo político que insiste em se repetir, enquanto Maceió espera — ainda — pelo verdadeiro renascimento.