O agente da Polícia Federal (PF) que aplicou calote em uma choperia, no Sudoeste, em Brasília, foi identificado como Eduardo Tavares Mendes Júnior. Lotado na Superintendência da PF em Alagoas, o policial foi preso após tomar 16 chopps, comer picanha e se negar a pagar uma conta de R$ 178.
Após se recusar a apresentar a identificação funcional e humilhar policiais civis da delegacia, o agente ainda ameaçou a equipe da 5ª Delegacia de Polícia (Área Central), afirmando que “seu pai é procurador-geral de Justiça e haveria retaliação”.
O agente, visivelmente embriagado, acabou preso por fraude, ameaça, desacato, desobediência, recusa de fornecimento de dados e coação no curso do processo. Eduardo Tavares também é o atual presidente da Associação dos Servidores da Polícia Federal em Alagoas (ANSEF/AL) para o triênio 2022-2025.
O caso ocorreu em 11 de março deste ano, na choperia Fausto & Manoel, mas só veio à tona recentemente, após a PCDF ter relatado o inquérito e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) oferecer denúncia contra o servidor federal.
De acordo com as investigações, Eduardo chegou ao estabelecimento na companhia de um amigo. Ambos consumiram 16 chopps, totalizando uma conta de R$ 156,64. Em seguida, a dupla solicitou o fechamento da conta e o valor foi integralmente pago. Quando o amigo de Eduardo foi embora, o policial resolveu ficar e pediu a abertura de uma nova conta.
Sozinho, o agente federal consumiu uma porção de picanha, dois chopps com promoção do happy hour e outros cinco fora da oferta, totalizando uma conta de R$ 178,42, Quando viu a comanda e o valor da conta Eduardo ficou muito nervoso e disse que não pagaria, pois apenas se lembrava de ter consumido a picanha, e não as bebidas anotadas. O cliente se apresentou como policial federal e afirmou que “sabia como funcionavam essas pilantragens de bar”.
Ameaças
Na delegacia, durante o registro de ocorrência, quando um policial civil pediu que Eduardo se identificasse, o agente tornou-se agressivo e passou a afirmar que não iria se identificar para um policial civil, pois era agente federal.
Eduardo ficava mostrando o documento funcional de longe, impossibilitando sua visão. Levado à sala do delegado de plantão, ele entregou sua carteira funcional, mas se negou a ser revistado, afirmando que apenas sua palavra de que não estava armado bastaria
Bêbado e cada vez mais agressivo, o servidor precisou ser algemado e revistado para afastar a possiblidade de o policial estar armado. Quando foi avisado que estava sendo lavrado o procedimento pelo crime de fraudes, o agente federal coagiu a equipe da delegacia com a ameaça:
“Eu sou policial federal e isso não vai ficar assim. Vocês vão ver”. Já no interior da cela, Eduardo foi mais categórico em sua coação, afirmando que seu pai seria procurador-geral de Justiça de Alagoas e iria retaliar a equipe policial.
A Superintendência da Policia Federal no Distrito Federal foi informada sobre da autuação de Eduardo, mas não enviou nenhum representante e o policial se negou a fornecer telefone de algum contato de familiar para ser informado de sua prisão. Além disso, o agente, negou-se a ser interrogado e a assinar as peças constantes dos autos.
/Metrópoles