As Polícias Científica e Civil de Alagoas apresentaram, nesta sexta-feira (18), o resultado da perícia complementar relacionada ao grave acidente ocorrido na Serra da Barriga, em União dos Palmares, que matou 20 pessoas e deixou dezenas de feridos.
O laudo emitido pelos peritos criminais Marcelo Velez e Nivaldo Cantuária descartou a hipótese de falha mecânica no ônibus como causa determinante da tragédia. O trabalho da Polícia Científica começou no dia do acidente, 24 de novembro de 2024.
De imediato, já se identificava a complexidade do caso, tanto pela da quantidade de vítimas, quanto pelo local de difícil acesso ao veículo. Com a impossibilidade de realizar a perícia mecânica nessa área, foi necessário aguardar a remoção para um local seguro.
Os peritos criminais explicaram que a remoção do veículo seria um processo extremamente complexo, diante da declividade do terreno e da quantidade de pedras no caminho, sendo necessário o seccionamento desse veículo em duas partes para que o içamento fosse possível.
Autorizada pelos peritos, a divisão não trouxe nenhum prejuízo à análise pericial, pelo contrário, até facilitou o acesso a algumas peças durante o exame pericial realizada no Pátio de Custódia da Polícia Civil, no município de Rio Largo.
“Fizemos toda desmontagem e avaliação das peças e não encontramos nada que tivesse fora do normal. Os seis pneus eram novos e estavam perfeitos. A parte do sistema de freio, dos tambores e de engrenagem de transmissão também foram analisados e verificamos que não havia nada fora do normal, colaborando então com a finalização da perícia, verificando que não havia nenhum defeito mecânico no ônibus”, disse Cantuaria.
“Como já havia sido descartada a morfologia da pista, causa ambiental, como causa determinante do acidente e, agora, a falha mecânica, sobra a questão de condução. Como não foi constatada nenhuma folga, nenhum quebramento, nenhuma inadequação dos sistemas, então, resta apenas afirmar que o fato aconteceu por imperícia ou por motivação pessoal do condutor”, afirmou Marcelo Velez.
O chefe especial do ICM, Charles Mariano, explicou que o trabalho pericial contou ainda com a ajuda de peritos engenheiros mecânicos e outros que contribuíram com a sua experiência.
“O objetivo do Instituto Criminalista é buscar a verdade dos fatos para apresentar para a sociedade. E nesse contexto eu vou passar a palavra para os peritos. A nossa equipe trabalhou arduamente durante vários dias, debaixo de sol e chuva, para conseguir acompanhar, manter a cadeia de custódia dos vestígios e conseguir realizar um trabalho que esclareceu os fatos”.
Inquérito Policial
O delegado Guilherme Iusten explicou que agora, com o resultado da perícia, a principal linha de investigação passa a ser o fator humano, mais especificamente um possível erro de condução, por imperícia ou até a própria imprudência do motorista.
Para ele, diante dos fatos, dos depoimentos das testemunhas e das vítimas sobreviventes, e os resultados de todas as perícias que descartou a falha mecânica, trata-se de uma ocorrência de homicídio culposo.
“Agora, a responsabilidade criminal recairia sobre o motorista, mas como ele veio a falecer não tem mais a quem se responsabilizar, o processo criminal fica extinto e remanesce para as vítimas agora ingressarem em juízo para conseguir algum tipo de indenização por danos materiais ou morais dos entes que faleceram, como também dessas pessoas que sobreviveram,” explicou o delegado.
Trabalho integrado
A perita-geral Rosana Coutinho destacou a integração e os esforços coletivos das instituições das forças de segurança no caso. Ela agradeceu a mobilização e a participação de todos os envolvidos na ocorrência, desde do dia da tragédia, da retirada do ônibus, finalizando agora com a pericia final.
No dia do acidente, equipes da Polícias Científica dos cinco Institutos, Polícias Civil, Militar, e do Corpo de Bombeiros atuaram na Serra da Barriga. Houve uma força-tarefa no IML de Maceió, formada por peritos médicos legistas, peritos odontolegistas, técnicos forenses e papiloscopistas, que possibilitatam a identificação e liberação dos corpos, após os exames de necropsia.
“Eu quero agradecer a participação de todos os envolvidos, principalmente aos policiais científicos que atuaram diretamente na ocorrência. Agradeço também a participação do DRE e Corpo de Bombeiros que auxiliaram na remoção do ônibus. Quero parabenizar o resultado do trabalho pericial, essencial para trazer a verdade dos fatos”, declarou a perita-geral.
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/Redação, com Assessoria