Romison Florentino
Um relatório técnico independente divulgado em agosto deste ano acendeu o alerta sobre a situação do bairro Flexais, em Maceió. O documento conclui que todos os movimentos de recalque e deslocamento registrados na região são decorrentes das cavernas abertas pela Braskem, tanto no eixo leste-oeste quanto no sul-sudeste.
Vale ressaltar que os dados também apontam que, mesmo dentro da metodologia utilizada pela Defesa Civil de Maceió (DCM), que adota como referência o deslocamento de -5 mm/ano (o critério não ter validação internacional), os Flexais ultrapassam esse limite em larga escala. O levantamento identificou:
- deslocamentos verticais de até -9 mm/ano, acumulando -47 mm;
- deslocamentos horizontais ainda mais expressivos, chegando a +15 mm/ano, com acúmulos superiores a 85 mm;
- imóveis já comprometidos, com fissuras e trincas;
- surgência de água em vias do bairro.
Apesar da situação constatada, a comunidade segue de fora da lista de áreas priorizadas para realocação. O relatório questiona também a disparidade de tratamento em comparação a outras regiões da capital, onde famílias foram removidas em situações consideradas menos graves.
Negligência apontada
Especialistas defendem que a manutenção do atual mapa de risco da Defesa Civil representa negligência diante das evidências científicas. O documento é categórico ao recomendar a revisão das ações prioritárias, a inclusão dos Flexais na zona de risco (nível 00), além da criação de um mapa de danos, medida que, até hoje, não foi realizada.
“O princípio da precaução no direito ambiental deveria prevalecer. Blindar escolhas passadas não é responsabilidade, é negligência”, destaca trecho do relatório.
Monitoramento
A recomendação dos técnicos é de monitoramento contínuo do bairro e de imediata atualização dos planos de proteção. Caso as medidas não avancem, moradores e entidades estudam judicializar o caso para garantir a segurança da população.