O Palácio do Planalto acelerou a liberação de recursos para o Congresso às vésperas de uma das votações mais estratégicas do governo. Entre 22 e 24 de setembro, foram empenhados R$ 2,9 bilhões em emendas parlamentares, no maior volume semanal desde julho. O movimento ocorre a menos de uma semana da análise, pela Câmara, do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil.
A medida, prevista para ser votada em 1º de outubro, deve beneficiar cerca de 10 milhões de contribuintes e é tratada como essencial para fortalecer a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida pela reeleição em 2026. Até o fim do ano, o governo ainda tem R$ 29,6 bilhões para empenhar, um montante que pode servir como instrumento de negociação com deputados e senadores.
Por iniciativa do senador Renan Calheiros (MDB-AL), o Senado também pode votar na próxima terça-feira (30) projeto de lei de teor semelhante.
Articulação política
O ritmo de liberações havia praticamente parado em agosto, mas foi retomado diante da necessidade de assegurar apoio no Congresso. A liberação de emendas é considerada peça-chave para viabilizar a aprovação de pautas prioritárias do Planalto.
Paralelamente, outra discussão divide parlamentares: o chamado PL da Anistia, também conhecido como PL da Dosimetria. A proposta, defendida pela oposição, busca beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado pelo STF por tentativa de golpe, além de outros envolvidos nos ataques de 8 de Janeiro. A esquerda se opõe ao projeto, que pode virar mais um foco de embate político.
Moeda de troca no Congresso
As emendas são fundamentais para a estratégia dos congressistas, especialmente em ano pré-eleitoral. Deputados e senadores dependem desses recursos para financiar obras e projetos em suas bases, reforçando sua presença junto ao eleitorado.
O empenho, no entanto, não equivale ao pagamento imediato. Ele apenas garante que o dinheiro está reservado no Orçamento, permitindo a contratação dos serviços. Só após a execução e a confirmação do gasto é que ocorre o repasse efetivo. Mesmo assim, a simples promessa já se transforma em capital político para o governo nas negociações com o Legislativo.
/Congresso em Foco