Após seis anos, a missionária oficial do Zen Budismo no Brasil, Monja Coen Rōshi, retorna a Maceió para dois encontros com o público alagoano, nos dias 1º e 2 de novembro. Conhecida por difundir os ensinamentos do Zen de forma acessível e contemporânea, a monja propõe uma reflexão sobre o tempo presente, a espiritualidade e os desafios da vida moderna. “Precisamos estar presentes no presente”, afirma Coen.
É com esse convite que ela abre a programação na capital alagoana. O primeiro evento será no sábado (1), às 20h, no Hotel Atlantic, em Jatiúca, com a palestra “Ser santo: é possível?”, em referência ao Dia de Todos os Santos. O encontro abordará a possibilidade de vivermos com ética, compaixão e plenitude no cotidiano.
As inscrições estão disponíveis pelo Sympla, com opção de ingresso social mediante a doação de 1 kg de alimento não perecível, destinado à ONG Moradia e Cidadania. No domingo (2), a monja participa da 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, às 14h, no Teatro Gustavo Leite, no Centro de Convenções de Maceió. Será uma conversa sobre literatura, espiritualidade e a presença do Dharma – os ensinamentos do Buda – nas palavras escritas. “O Dharma está sempre presente.
Ele está nas letras também. Embora apareça em forma de romance ou contos, o que eu escrevo é uma forma simples de transmitir ensinamentos sagrados. Não para transformar pessoas em budistas, mas em seres humanos íntegros, éticos, capazes de apreciar a vida”, explica. Durante as palestras, Coen pretende provocar uma reflexão sobre o que significa “fazer a coisa certa” em um mundo cada vez mais acelerado e disperso.
“Santo não é o bonzinho. É quem age de forma adequada, no momento certo, com compaixão e sabedoria. Todas as religiões têm origens distintas, mas pertencemos à mesma família: a espécie humana”, diz.
A última passagem da monja por Maceió foi em 2019, quando sua palestra na Bienal do Livro lotou as escadarias da Associação Comercial. Em entrevista, Monja Coen falou sobre o impacto da tecnologia, a criação dos filhos na era digital e a necessidade de reconexão com a natureza. Para ela, a nova geração tem muito a ensinar.
“Os filhos fazem os pais. Eles aprendem mais com o exemplo do que com o discurso. Precisamos de pausas. Desligar o celular, olhar nos olhos, dar afeto. Crianças e adultos precisam de afago”, afirma.
Ao comentar sobre o avanço da inteligência artificial e a pressão por produtividade, Coen reforça a importância de resgatar a sensibilidade humana. “Vivemos em uma época muito utilitária. Será que é só para isso que existimos – para sermos úteis, termos sucesso e dinheiro? Ou será que podemos simplesmente apreciar a vida? Desenvolver a capacidade de apreciar talvez seja o mais essencial”.
A monja também destacou que a reconexão com a natureza é um caminho de equilíbrio, mas sem o abandono da vida moderna. “Não se trata de voltar ao que era antes, mas de seguir em frente com consciência. Podemos andar descalços na praia, respirar entre as árvores e lembrar que somos parte da vida da Terra.”
No centro de sua filosofia está o autoconhecimento: o desafio de encarar a si mesmo. “Queremos agradar os outros e, com isso, deixamos de realizar o que somos capazes. Precisamos conhecer nossa verdadeira natureza.
E, para isso, é preciso encarar – e deixar ir o que não serve mais.” Para o público alagoano, a visita de Monja Coen é mais do que uma palestra – é um convite à pausa, à presença e à reflexão. Como ela própria costuma dizer: “Abrir mão é abrir possibilidades. É abrir novas portas de compreensão e conexão com o todo, com a vida.”















