A Organização das Nações Unidas (ONU) manifestou estar “horrorizada” com o saldo de 64 mortos na operação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, nesta terça-feira (28).
Por meio da rede X (antigo Twitter), o Escritório de Direitos Humanos da ONU também lembrou às autoridades brasileiras “suas obrigações” segundo as leis internacionais.
“Estamos horrorizados com a operação policial em andamento nas favelas do Rio de Janeiro, que já teria resultado na morte de mais de 60 pessoas, incluindo 4 policiais. Esta operação mortal reforça a tendência de consequências letais extremas das operações policiais em comunidades marginalizadas do Brasil. Lembramos às autoridades suas obrigações perante o direito internacional dos direitos humanos e instamos investigações rápidas e eficazes”, publicou a organização.
“Uma operação policial que resulta na morte de mais de 60 moradores e policiais é uma enorme tragédia”, afirmou, por sua vez, César Muñoz, diretor da Human Rights Watch no Brasil, que pediu ao Ministério Público investigações para esclarecer as circunstâncias de “cada morte”.
Após a ação, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), cobraram-se mutuamente sobre quem deveria agir de forma mais contundente na segurança pública.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, usou as redes sociais para pressionar o Congresso, pedindo que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública fosse votada. A PEC tem o objetivo de reforçar o papel da União no combate ao crime organizado e ampliar a articulação entre as forças federais e estaduais.
“Os violentos episódios desta terça-feira no Rio, com dezenas de mortes, inclusive de policiais, bloqueio de rodovias e ameaças à população, ressaltam a urgência do debate e aprovação da PEC da Segurança Pública no Congresso Nacional. Ficou mais uma vez evidente a necessidade de articulação entre forças de segurança no combate ao crime organizado. E o fortalecimento da Polícia Federal e outras forças federais no planejamento e na execução das ações conjuntas”, afirmou Gleisi, na publicação.
Ela acrescentou, ainda: “É isso que o governo do presidente Lula propõe na PEC da Segurança Pública: uma grande articulação com os governos estaduais, em que somente o crime sairá perdendo”.
Durante a sessão da Câmara no mesmo dia, o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), também cobrou que se estabelecesse uma data para votação da PEC.
O presidente da Câmara, Hugo Motta, evitou definir um calendário, mas respondeu com uma cobrança ao governo, dizendo que o Executivo também precisa apresentar medidas concretas contra as facções criminosas.
/O Globo















