Centenas de milhares de pessoas participaram neste sábado 21 da Marcha das Mulheres, uma série de manifestações contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e favor dos direitos das mulheres e das minorias em várias cidades do mundo.
A marcha foi inicialmente convocada nos Estados Unidos, mas acabou ganhando adesão em todo o mundo, com mais de 670 manifestações marcadas em mais de 20 países. As primeiras ocorreram na Austrália e na Nova Zelândia.
Em Washington, onde se esperava a participação de meio milhão de pessoas, a marcha pode se tornar uma das maiores manifestações da história do país. O comparecimento foi tão alto que o público lotou todo o trajeto inicialmente previsto, que seguia até perto da Casa Branca.
“Marchamos hoje pelo núcleo moral desta nação, contra o qual o novo presidente está entrando em guerra”, afirmou a atriz America Ferrera. “Nossa dignidade, nosso caráter, nossos direitos estão sob ataque, e a plataforma de ódio e divisão assumiu o poder ontem. Mas o presidente não é os Estados Unidos. Nós somos os Estados Unidos e estamos aqui para ficar.”
Celebridades como as atrizes Scarlett Johansson, Ashley Judd e Julianne Moore, as cantoras Alicia Keys e Katy Perry e o cineasta Michael Moore estiveram presentes. A cantora Madonna apareceu de surpresa e fez um discurso contra Trump.
Boa parte das manifestantes vestiu um gorro cor de rosa com orelhas de gato, que se tornou um símbolo das mulheres que criticam Trump. O gorro é conhecido como pussy hat, um trocadilho com a palavra pussycat. Em inglês, pussy pode significar tanto gatinha ou gatinho como o órgão sexual feminino, em linguajar vulgar.
Trata-se de uma referência ao áudio de 2005 que foi vazado durante a campanha eleitoral e no qual Trump afirma que, “quando você é uma estrela, [as mulheres] deixam você fazer o que quiser. Você pode agarrá-las pela pussy“.
Através do Twitter, a ex-candidata presidencial democrata Hillary Clinton agradeceu o apoio dos manifestantes, que, em suas palavras, “falam e marcham por nossos valores”.
Manifestações também aconteceram em Chicago, Boston, Nova York, Austin, Atlanta, Seattle, Los Angeles e várias outras cidades. Imagens aéreas mostram ruas lotadas de pessoas que protestam contra a misoginia, a homofobia, o racismo e a intolerância religiosa. Em Chicago, a marcha propriamente dita foi suspensa por causa da alta participação. A estimativa é de que 150 mil pessoas tenham participado. Em Los Angeles, a polícia estimou o público em 500 mil.
Em Londres, os organizadores disseram que mais de cem mil pessoas participaram da marcha, um número que não pôde ser verificado, já que a polícia não divulgou estimativas. “Londres se solidariza com o mundo para mostrar como valorizamos os direitos que toda mulher deve ter, afirmou o prefeito Sadiq Khan, que compareceu à marcha.
Em Paris, ao menos 7 mil pessoas se reuniram perto da Torre Eiffel, segundo a polícia, exibindo cartazes com os dizeres “liberdade, igualdade, irmandade”, numa referência ao slogan nacional.
Na Alemanha houve protestos em Berlim, Frankfurt, Munique e Heidelberg. Na capital, os manifestantes se concentraram em frente ao Portão de Brandemburgo.
Em Tel Aviv, os manifestantes exibiram cartazes com os dizeres “o ódio não é legal” e “direitos das mulheres são direitos humanos”.
Protestos semelhantes aconteceram em Barcelona, Roma, Amsterdã, Lisboa, Genebra, Helsinque e Calcutá.
Fonte: Carta Capital