Um pai exemplar, um esposo excepcional e um médico bastante humano. É assim que a esposa do professor, médico e vereador Luiz Ferreira, Rita Namé, o classifica. Ferreira foi morto após anunciar sua candidatura à ‘Prefeitura de Anadia, em setembro de 2011.
A principal acusada no crime, Sânia Tereza Palmeira Barros, que na época era prefeita de Anadia, cumpre prisão domiciliar e não há previsão para ser levada a júri popular. Para o Ministério Público, o assassinato de Luiz Ferreira foi queima de arquivo e um “recado” para os demais vereadores da oposição não se rebelasse contra a gestão marcada por corrupção.
Atualmente, Sânia cumpre prisão domiciliar, junto com os acusados Adailton Ferreira e Wallemberg da Silva. O trio recorreu da sentença de pronúncia e aguarda julgamento do recurso.
“A condenação não vai trazer o Luiz de volta, mas a justiça precisa ser feita, pois ninguém pode sair por aí matando os outros. Tenho dois filhos médicos, que inclusive foram alunos do meu esposo, e que sentem muita falta do pai”, destacou a esposa viúva de Ferreira, Rita Namé.
“A sociedade precisa se mobilizar e clamar para que outros inocentes não tenham suas vidas ceifadas”, desabafou.
OUTROS ENVOLVIDOS
No ano passado, os réus Alessander Ferreira Leal, Tiago dos Santos Campos e Everton Santos de Almeida foram condenados pela morte do médico, professor e vereador
O trio foi condenado por homicídio qualificado e associação criminosa. Alessander Leal, acusado de comandar e coordenar o crime, recebeu a pena de 32 anos, sete meses e 15 dias. Tiago Campos, que dirigia o carro que interceptou o da vítima, foi condenado a 30 anos, dez meses e 20 dias. Já o réu Everton de Almeida, acusado de estar no interior do veículo dando apoio à ação, foi apenado em 32 anos, três meses e 15 dias.
JUSTA HOMENAGEM
E como forma de agradecimento por tantos anos dedicados ao ensino e a medicina, o professor Luiz Ferreira será homenageado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), com um prédio do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) que levará o seu nome. A honraria acontecerá no próximo dia 29 de novembro.
“A família agradece a homenagem de forma muito emocionada, pois a dor é incurável. Como cidadã, necessito que esse ciclo seja fechado e que a mandante do crime pague, de forma enérgica, pelo o que fez. Enquanto isso, a família fica na expectativa, aguardando que a justiça seja feita”, disse Rita Namé.
O vice-diretor do ICBS, Renato Rodart, diz que o professor era muito dedicado e ativo nas suas atividades cotidianas. “Infelizmente ele teve um fim trágico, numa situação envolvendo política. A inauguração do prédio que levará o seu nome é uma forma adequada e justa de homenageá-lo. Todos os outros professores se aposentaram e não tiveram o mesmo fim. É uma tristeza enorme”, frisou.
Para Renato Rodart, até hoje o nome do professor Luiz Ferreira é mencionado nos corredores da Ufal, pela qualidade do ensino que era repassado aos alunos. “Ele sempre buscava fazer o que era correto. Deixará um marco na história da Universidade”.
O CRIME
Luiz Ferreira de Souza foi assassinado na tarde do dia 3 de setembro de 2011, quando retornava para Anadia, após falar em um programa de rádio na cidade vizinha de Maribondo. Ele havia acabado de ser entrevistado em um programa informativo sobre saúde – ele era médico cirurgião e professor.
Durante a entrevista na rádio, ele revelou que estava disposto a lutar pela Prefeitura de Anadia nas eleições de 2012. Mas não teve tempo de realizar o desejo, logo após foi emboscado e morto por 13 disparos ainda dentro do veículo que estava conduzindo. Ao saber da morte do ex-aliado, a então prefeita Sânia Tereza decretou luto por três dias e cancelou festividade alusiva ao 7 de Setembro.
Jornal Folha de Alagoas