39.422 votos reconduzirão o deputado Marcelo Victor (SD) para mais um mandato na Casa de Tavares Bastos. De estilo discreto, articulador e de firmes posicionamentos, o parlamentar exerceu papel estratégico nos últimos anos no Poder Legislativo Estadual alagoano. Como primeiro secretário, cargo que tem afinidade na Mesa Diretora, soube agradar gregos e troianos, posição que o colocou como um dos favoritos para presidir o biênio 2019/2020 da próxima legislatura.
A posição que Marcelo Victor deve exercer a partir de janeiro é midiática e foge a forma que o deputado vem pautando, até aqui, sua carreira política. Tal exposição coloca em evidência uma séria de acusações que ele responde. Por exemplo, em 2011 o delegado da Polícia Federal, Políbio Brandão, ouviu e indiciou Marcelo Victor por compra de votos.
As investigações da Polícia Federal começaram depois que três pessoas foram presas pela Polícia Civil, na cidade de Ibateguara, no dia 03 de setembro de 2010, época em que o acusado tentava mais uma reeleição para a Assembleia Legislativa de Alagoas.
Segundo a PF, Marcelo Victor estaria fazendo cadastro de eleitores com fins de captação ilícita de sufrágio, foram presos José Sebastião Santos da Silva, Pedro Félix e Roseane Silva Gomes. Eles estavam de posse de santinhos, documentos e supostas listas de cadastro de eleitores que continham os números dos títulos de várias pessoas.
Deputado elétrico
Em 2008, o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) decretou a prisão em flagrante do deputado Marcelo Victor por ter agredido a coronhadas, com uma pistola, um funcionário da Companhia Energética de Alagoas, que durante a Operação Varredura teria descoberto uma ligação clandestina de energia elétrica na casa do parlamentar, localizada na Rua Luiz Rizo, no bairro do Farol.
Na época da brutal agressão, a assessoria de comunicação da então Ceal, destacou que “o deputado pagava uma conta mensal de aproximadamente R$ 20,00, o equivalente ao consumo de uma geladeira e ainda recebia subsídio do Governo Federal”.
A Companhia Elétrica era presidida por Joaquim Brito que ingressou com uma ação em conjunto com o eletricista e vítima, Anderson Barbosa Silva, no Ministério Público Estadual do Estado contra Marcelo Victor.
Mais violência e armas
Marcelo Victor foi acusado de matar um rapaz no carnaval fora de época de Arapiraca, a “Micaraca”. Na época, ele era menor de idade e ficou recolhido em uma das unidades de internação de menores infratores.
Em 2009, a PF cumpriu cinco mandados de busca e apreensão em imóveis do deputado estadual Marcelo Victor. A Polícia atuou o parlamentar em flagrante por posse de munição de uso restrito do Exército Brasileiro. Os agentes da PF, na ocasião, procuravam armas pertencentes ao deputado e estiveram em duas propriedades dele em Maceió e em outra no município de Palmeira dos Índios, a 137 quilômetros da capital alagoana.
Na mesmo dia dessa operação, em 2009, outros dois mandados de busca foram cumpridos na cidade do Recife, onde o parlamentar também tinha residência. Em seu poder, também foi encontrada uma pistola 380 milímetros, além de uma outra arma recolhida no interior do Estado.
Bastidores da eleição
Os 27 deputados estaduais que vão compor a Assembleia Legislativa de Alagoas a partir de 2019, do total, 15 foram reeleitos, e a maioria das cadeiras será ocupada por parlamentares do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido do governador reeleito Renan Filho, e parlamentares novatos ocuparão 12. Mesmo com a maioria compondo o bloco governista o nome de Olavo Calheiros (MDB), tio do governador, foi negado pela maioria dos deputados.
Com a negativa do nome de Olavo, o deputado Marcelo Victor, que já vinha costurando nos bastidores sua eleição, ganhou mais força. A “independência” do Poder em relação ao Palácio República dos Palmares pesou para escolha do novo presidente, que ao que parece são favas contadas.
Para fortalecer o grupo, Paulo Dantas (MDB), deputado novato e filho do atual presidente da Casa, Luiz Dantas (MDB) é dado como primeiro secretário eleito. A primeira secretária da Casa de Tavares Bastos e presidência andam lado a lado, pois juntos são a “chave do cofre” do Poder. Vale lembrar que Marcelo Victor e Luiz Dantas protagonizaram uma cena pitoresca durante a última eleição da Mesa Diretora do Poder, com requintes de ameaças, que mais tarde foram negadas pelo futuro presidente da Casa.
O grupo de Marcelo/Dantas conta hoje com 21 deputados. Só um fato “conspirador” mudará o cenário que se avizinha. Hoje, apenas Olavo Calheiros (MDB), Ricardo Nezinho (MDB), Antônio Albuquerque (PTB), Gilvan Barros (PSD), Jó Pereira (MDB), Jairzinho Lira (PRTB) e Breno Albuquerque (PRTB) não votam na dupla.
Fontes descrevem que o apoio deve ser ampliado em breve e uma ou duas abstenções devem ser registradas, afinal de contas, há novos deputados que querem manter a “isenção” para alcançar voos mais altos, como os recentes exemplos que saíram da ALE: Rui Palmeira, JHC e Rodrigo Cunha.
Jornal Folha de Alagoas