O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (3) que é um “absurdo” a condenação de policiais por “excesso” em serviço. O presidente citou prisões de “muito inocente” no presídio da Polícia Militar em Benfica, no Rio de Janeiro.
Bolsonaro deu a declaração durante solenidade no Palácio do Planalto para lançamento de campanha do pacote anticrime, proposto ao Congresso pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, em fevereiro deste ano.
Em discurso durante o evento, Bolsonaro disse que visitou muitas vezes o presídio da Polícia Militar em Benfica, no Rio de Janeiro, e, ao conversar com seguranças e presos, constatou que havia ali “muito inocente” preso por excesso, o que o presidente classificou como um absurdo.
Auto de resistência
O presidente também falou sobre o chamado auto de resistência – mortes durante ação policial – “resistência seguida de morte”. Segundo o presidente, autos de resistência são um “sinal” de que o policial trabalha e “faz sua parte” ele trabalha, que ele faz sua parte e que ele não morreu. Ou queria que nós providenciássemos empregos para a viúva?”, disse Bolsonaro.
O auto de resistência tem amparo no artigo 292 do Código de Processo Penal. Segundo o dispositivo, “Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas testemunhas”.
Pacote anticrime
A parte principal do pacote anticrime, com medidas contra a corrupção, crime organizado e violento, é discutida em um grupo de trabalho da Câmara dos Deputados, que está finalizando uma proposta a ser levada direto ao plenário.
No grupo de trabalho, vários pontos foram excluídos, entre eles o que trata do excludente de ilicitude. Pela proposta do ministro, agentes de segurança que cometam excesso por “medo, surpresa ou violenta emoção” poderão ser isentados de punição, por exemplo, quando matarem alguém em serviço.
Abuso de autoridade
Na semana passada, o presidente promulgou trechos da lei de abuso de autoridade que tinham sido vetados por ele, mas cujos vetos acabaram derrubados pelo Congresso Nacional.
A lei define as condutas de agentes públicos, como policiais, promotores e juízes, que poderão ser enquadradas no crime de abuso de autoridade.
Críticos afirmam que a lei deve prejudicar o trabalho de investigadores e juízes no combate à corrupção por conter alguns pontos considerados subjetivos e que poderão intimidar a atuação deles.
G1