Nesta quarta-feira (6), a audiência pública na Câmara dos Deputados com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles foi marcada por provocações entre ele, deputados aliados do governo e parlamentares da oposição.
Salles foi chamado a explicar o que o governo federal fez para combater as manchas de óleo que surgiram nas praias da região Nordeste. As manchas começaram a aparecer no fim de agosto e atingiram mais de 300 locais.
Segundo o governo federal, o navio grego Bouboulina, administrado pela empresa Delta Tankers Ltd., é o principal suspeito do desastre. A petroleira, por sua vez, diz ter provas de que não derramou óleo e alega que não foi acionada.
Ao participar da audiência na Câmara, Ricardo Salles culpou governos anteriores por entregarem um “Estado quebrado”.
“Grande parte dos problemas enfrentados sobre materiais ou dificuldades orçamentárias decorre de uma coisa: nós recebemos um Estado quebrado”, afirmou o ministro.
Em seguida, Ricardo Salles disse que a “visão equivocada de mundo” de governos passados foi o que gerou a atual situação.
O ministro também atribuiu à cobertura da imprensa uma parte do desastre. Disse que foram distribuídos mais de 12 mil kits de emergência aos voluntários, mas a “turma”, segundo ele, “filmava só o lado de lá para dar a narrativa de que o governo não chegou a tempo”.
Reação dos deputados
Presente à sessão, p deputado Rafael Motta (PSB-RN) levou um pote de plástico que, segundo ele, continha dez gramas de óleo recolhido em uma das praias do Rio Grande do Norte. Afirmou ainda, em tom irônico, que era um “presente” para o ministro “em reconhecimento” ao trabalho feito pelo governo federal.
Enquanto deputados da oposição discursavam, Salles ria, o que gerou irritação nos parlamentares.
“Se observar as câmeras, o senhor irá perceber que está com sorrisinho irônico no canto da sua boca desde o início. Mas, enquanto ri à toa, milhares de trabalhadores estão tendo sua fonte de renda prejudicada, como pescadores, marisqueiros, pequenos comerciantes e trabalhadores da hotelaria”, disse Sâmia Bomfim (PSOL-SP).
Durante a audiência, o ministro foi questionado sobre uma mensagem publicada por ele em uma rede social na qual sugeriu que o Greenpeace poderia ser o responsável pelo derramamento. Salles, contudo, não respondeu. A entidade acionou o Supremo Tribunal Federal (STF).
Fim da audiência
Ricardo Salles deixou o plenário da comissão antes do fim da audiência, gerando críticas de deputados que ainda não haviam formulado perguntas ao ministro.
“Não é a primeira vez que ele sai intempestivamente. É a terceira vez. O ministro não tem preparo”, afirmou Ivan Valente (PSOL-SP).
Na saída, Salles não concedeu entrevista à imprensa e saiu escoltado por seguranças.