Por Leonardo Ferreira
Além das dificuldades impostas pela pandemia, estudantes da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) estão sofrendo com a falta de pagamento do auxílio estudantil. O reitor Josealdo Tonholo, em entrevista nesta segunda-feira (22), esclareceu que a universidade vive uma situação financeira caótica e que as bolsas não estão sendo pagas por falta de repasse do Ministério da Educação (MEC).
O reitor disse que as bolsas de fevereiro e março estão prontas no sistema para pagamento, aguardando apenas o financeiro do MEC. “Infelizmente eu não consigo uma resposta do MEC sobre quando vai ser repassado ao financeiro. No ano passado, nós tínhamos desembolsos semanais, toda semana um pouco, mas desde o dia 17 de fevereiro não caiu mais nenhum repasse”.
Afirmando que “não tem nenhum centavo na conta da Ufal” para pagar as bolsas, Tonholo lamentou a situação dos estudantes mais vulneráveis socialmente, mas prometeu que assim que o recurso entrar, esses alunos serão a prioridade.
“O que mais me incomoda é o prejuízo que estamos tendo do ponto de vista da assistência estudantil, que é incalculável. A Ufal tem hoje 70% dos seus estudantes em condição de alta vulnerabilidade. São estudantes do nosso povo”, desabafou.
Sobre a falta de respostas dos questionamentos, foi dito que os contratos dos estagiários que cuidavam das redes sociais tiveram que ser suspensos. “Nossas redes sociais estão paradas. Os únicos canais de comunicação são os telefones e os e-mails. Infelizmente, nós tivemos que estacionar todas as redes por conta dessa situação financeira crítica”.
Perguntado acerca dos estudantes que dependem do auxílio para sobreviver e assistir às aulas, ele compreende a parte econômica, mas afirmou que a Ufal recebeu 11.200 chips para acesso à internet, e que através dos editais abertos, os estudantes vulneráveis socialmente não estão desassistidos.
Danos e alternativas
Tonholo criticou os cortes nos repasses de recursos pelo Governo Federal, que não atingiram somente Alagoas, mas outras universidades e institutos pelo Brasil. A resposta federal, segundo o reitor, é de que a arrecadação foi menor e o Estado não tem como bancar os gastos no Ministério da Educação.
O gestor também comentou a falta de orçamento da Ufal e disse que está tentando redimensionar os contratos de serviços para tentar enxugar os gastos.
“O mato está em três metros de altura, virou uma floresta amazônica os campus da Ufal. Já estamos com o combustível cortado, porque não estamos conseguindo pagar as contas da empresa responsável. Com os Correios, o contrato do Sedex já foi cortado também”, revelou.
Ele reforçou que toda a comunidade acadêmica está sofrendo danos, seja o ensino, a pesquisa ou a extensão, o que prejudica todo o estado.
“A alternativa para corte é protestar, correr atrás da bancada, mostrar que isso está errado, que essa tentativa de desmontar a educação pública de qualidade é uma coisa errada. Ao mesmo tempo, estamos indo em busca de fontes alternativas”, disse o reitor, citando que os parlamentares alagoanos têm atuado a favor da Ufal e do Ifal.
Mesmo assim, apesar das dificuldades, a universidade tem contribuído no cenário da pandemia com o Hospital Universitário (HU) e com o Observatório da Covid-19, que tem ajudado especialistas, prefeitos e o governador em dados do avanço epidemiológico em Alagoas, além dos projetos de fabricação de máscaras e de álcool em gel.
“Neste momento, o Hospital Universitário está atendendo toda a nossa população com o tratamento de Covid-19. Atendemos os manauaras, mas agora as vagas estão ocupadas pelos alagoanos. A gente só consegue manter esse hospital funcionando com excelência quando temos parceria da bancada federal”, finalizou.