Da Redação
O professor geólogo Abel Galindo foi entrevistado no Programa Repercutindo na Rede, transmitido através do Youtube, e classificou a situação dos bairros atingidos pela extração de sal-gema por parte da Braskem como “muito séria”. Galindo foi o primeiro especialista a apontar as possíveis causas dos tremores e rachaduras nas localidades, que tiveram início em março de 2018.
O solo continua instável. Minas que preocupam uma mais que a outra e os desabamentos estão cada vez mais próximos. Em razão de rachaduras e das possíveis tragédias que podem acontecer, milhares de famílias tiveram que abandonar suas casas, cerca de 40 mil até aqui.
A previsão, segundo estudos, é de 74% de chance de afundamento de solo no bairro do Pinheiro até outubro deste ano. Até setembro de 2021, há a probabilidade de entre 87% a 93% de cratera na mina 23. No mesmo período, pode ocorrer situação semelhante também na mina 15. A possibilidade é de 68% a 95%.
As margens da Lagoa Mundaú, a mina 25 tem a possibilidade de 96% de ceder entre outubro deste ano e abril de 2023. A probabilidade de abrir uma cratera na mina 9, próximo a um condomínio, é de 71%. Segundo estudos, o evento pode acontecer entre março e setembro de 2022. Ao lado, existe a mina 13, que tem até 70% de chances de cratera entre junho e agosto do mesmo ano.
A mina 3, situada na região, tem 72% de risco de desabamento entre julho e agosto de 2022. Próximo a formação dessas crateras, estudos apontam um grande afundamento na área A, nas imediações do Colégio Bom Conselho. A possibilidade da adversidade é entre dezembro de 2022 a dezembro de 2024 é de até 79%. Estudos ainda apontam desabamentos de minas com formação de crateras até 2026.
APELO MUNICIPAL
Durante a visita de Bolsonaro a Alagoas, ocorrida no mês, passado, o prefeito JHC falou sobre a situação do Pinheiro e adjacências.
“Faço um apelo todo especial para que o Governo Federal possa apoiar a Prefeitura de Maceió, para que a gente possa ajudar os bairros afetados pelo afundamento de solo. São 57 mil pessoas atingidas, são bairros que trazem a nossa cultura, de um povo guerreiro, para que a gente possa diminuir o drama dessas famílias. Precisamos contrapor laudos, será de vital importância do Serviço Geológico do Brasil. A gente sabe que o tema é muito complexo, mas a sinalização do Governo Federal em querer ajudar Maceió na causa do afundamento dos bairros é muito importante”.
DOCUMENTÁRIO
Fissuras e rachaduras que aparentemente surgiram após fortes chuvas e tremores de terra em bairros de Maceió, em Alagoas, carregaram sonhos e mexeram com a vida de, pelo menos, 40 mil pessoas até o fechamento do documentário Cidade Rachada, que foi ao ar na quinta-feira (3), às 20h30, pela TV Justiça.
O filme de 30 minutos, lançado pelo Ministério Público Federal (MPF), retrata o trabalho do órgão e o drama vivido por moradores dos bairros de Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e, mais recentemente, Farol. Na verdade, as rachaduras e os tremores que tiveram início em março de 2018 foram causados pelo afundamento gradual da superfície de parte da cidade, devido à extração de sal-gema realizada no subsolo da capital alagoana pela petroquímica Braskem, ao longo de 50 anos.
No filme, geólogos explicam que foram realizados diversos estudos e pesquisas até que se encontrassem as razões para o fenômeno. O documentário traz imagens e depoimentos de moradores de alguns bairros atingidos.
“A minha vida desmoronou. Estou com síndrome do pânico, estou com fobia”, relata Sônia Lisboa, uma das 5 mil pessoas que já teve que abandonar sua casa. “Depois de 30 anos num lugar, é muito difícil, porque é uma vida aqui”, conta emocionado José Paulo da Silva.
Ainda participam do documentário representantes da Agência Nacional de Mineração (AMN), da Defesa Civil de Maceió e da Defensoria Pública da União (DPU). As reprises na TV Justiça irão ocorrer: sábado (5), 8h; domingo (6), 22h30; segunda (7), 10h30; quarta (9), 9h30 e 19h.
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