Guilherme Carvalho Filho – Repórter
A tenente-coronel Camila Paiva, do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas, foi pega de surpresa ao tomar conhecimento, através dos veículos de comunicação, que o Conselho Estadual de Segurança (Conseg) abriu uma Reclamação Disciplinar para apurar, contra si, “possíveis transgressões disciplinares”. A ação ocorreu após a oficial participar de um protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que aconteceu no último sábado (29), na capital alagoana.
“Eu não estava fardada ou a serviço. Estava no evento como cidadã brasileira. Em nenhum momento eu fiz alusão à minha instituição, proferi palavras de baixo calão ou promovi violência. Não feri a ordem pública. Acredito que é uma perseguição pela minha revolta com as atitudes de Bolsonaro”, se defendeu a primeira mulher oficial do CBM/AL.
Até o fechamento desta edição, Camila Paiva não havia sido notificada oficialmente. Entretanto, acredita que a reclamação foi resultado do seu posicionamento. “Um dos artigos que fui enquadrada foi fazer crítica ao superior, e o presidente não é meu superior, e sim uma autoridade. Nós somos militares estaduais e o nosso comandante é o governador Renan Filho. Não estamos subordinados ao presidente”, esclareceu.
A tenente-coronel frisou que outros militares participaram do ato e publicaram em suas redes sociais. No entanto, nenhuma ação foi aberta contra eles. “E também nenhum caso semelhante foi registrado contra militares que participaram de manifestações pró-Bolsonaro”.
Camila Paiva questionou o fato de o Conselho de Segurança não ter nenhuma representação feminina. “Enquanto mulher e defensora da equidade, fico estarrecida com essa desvalorização da mulher em cargos de alto escalão”.
A oficial demonstra preocupação com a postura do Conseg. “Se Alagoas for o primeiro estado a abrir portas para essa perseguição política, nós estaremos abrindo portas para a ditadura e destruindo a democracia. Acredito que o Estado não deixará esse legado para a democracia do Brasil”.
Importante destacar que a militar é chefe da Comissão Mulher Segura, da Secretaria de Segurança Pública, e luta contra qualquer tipo de preconceito e possui diversos projetos visando o bem estar dos mais vulneráveis.
Vale ressaltar que o Conselho de Segurança é presidido pelo juiz Maurício Brêda.
Comentários 1