“Tudo o que move é sagrado… sim, todo amor é sagrado e o fruto do trabalho é sagrado, meu amor…”. E foi ouvindo Milton Nascimento cantar esta música, que resolvi preparar uma introdução para iniciar a live. Escrever e ler. Dois dos grandes amores da minha vida.
Essa semana eu dei início a um novo projeto no meu Instagram: “Live Ensaiando com…” que estava pendente há meses e finalmente saiu do papel para ganhar o mundo. Preciso parar de postergar tanto, nota mental. Outros jeitos de usar a boca, da poeta feminista Rupi Kaur, foi o livro escolhido para a nossa primeira edição. Se todo amor é sagrado, eu posso imaginar o quanto a gente pode transcender, no momento que finalmente desperta para o nosso amor-próprio. E foi o que fez Rupi, quando publicou neste livro poemas sobre sua experiência de violência, abuso, perda, feminilidade e cura, principalmente através do amor. Nossa autora se curou com a escrita, fazendo com que nós pudéssemos nos curar pela leitura.
Nesse processo de concepção, que envolveu muita pesquisa sobre o tema, me peguei lembrando dos primeiros encontros que tive com a leitura de um livro e de como eu não conseguia mais parar quando comecei a ler aquela história de Pollyanna. Eu o lia sempre nas férias, na casa da minha avó, no interior, e nunca podia trazê-lo comigo quando chegava a hora de voltar, porque minha avó dizia que eu deveria ler apenas na casa dela. Para ela, eu não teria cuidado e poderia perder ou estragar aquele livro que era muito especial. Somente depois de adulta, eu pude entender o motivo. Então, o primeiro livro que li acabou durando alguns anos até ser concluído, já que todas as vezes que eu chegava para as férias, relia tudo para conseguir relembrar de onde tinha parado. Era um ciclo que nunca tinha fim. Acho que lá pelos meus treze anos, minha avó me presenteou com o segundo livro da saga, “Pollyanna moça”, e este sim eu poderia levar para casa. Mas sempre que eu retornava, era o Pollyanna da infância que continuava a me encantar.
Não importa quantos livros eu leia, eles nunca serão o suficiente. São como remédios para as dores que a gente não sabe onde está sentindo. Eu sempre me sinto melhor quando estou perto deles e essa relação se fortalece a cada dia. Eu quero lê-los, falar e escrever sobre eles e sempre vou defender que está nos livros a resposta e a cura para toda a intolerância, para a falta de empatia, e o olhar mais atento para todas as outras realidades diferentes da nossa.
Um livro me tem por completo. Já faz um tempo que venho tentando desenvolver alguns projetos que envolvam livros e leitura. Escrever sobre isso é o passo um. Voltemos para a elaboração da live: é um projeto simples, ainda embrionário, mas que precisa de muita dedicação e comprometimento, porque não dá para fazer nada superficial na internet. É preciso honestidade com o conteúdo que você deseja compartilhar com as pessoas. Então, vamos lá para a minha ideia: convido alguém para conversar comigo sobre um livro que escolhemos juntos. Depois da leitura e preparação, conversamos ao vivo sobre a história, o autor, curiosidades e situações cotidianas que o livro possa nos trazer. É um papo leve, simples, que falará muito mais sobre os nossos sentimentos que foram despertados diante daquela leitura.
O que eu quero mesmo é que todas as pessoas possam ler o mundo com outros olhos, porque nós somos o resultado daquilo que lemos e do que sentimos e eu espero que esses encontros virtuais possam contribuir para que ressoe, expresse e lance para fora o melhor que todos possuem dentro de si. Sendo assim, quero te convidar para acompanhar este novo projeto, todas as terças-feiras, no meu Instagram @ensaiandopalavras. Confio que seja na literatura, meu caro, que poderemos nos salvar dessa cansativa e interminável alucinação coletiva.
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