Redação
A juíza Luana Cavalcante de Freitas aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público em desfavor do ex-delegado-geral da Polícia Civil de Alagoas, Paulo Cerqueira. Ele se tornou réu pelo homicídio qualificado contra o advogado Nudson Harley, ocorrido em 2009.
A decisão da juíza foi proferida na última terça-feira (31). Em abril, a Polícia Federal indiciou Cerqueira, que foi exonerado da chefia da polícia diante da acusação, como autor intelectual do atentado que tinha como alvo o juiz Marcelo Tadeu.
Por estarem com roupas parecidas, o advogado Nudson, que era mineiro e estava de passagem por Maceió, acabou sendo morto por acaso. A juíza deu prazo de dez dias para apresentação da defesa. Por outro lado, associação criminosa e assassinato por motivo torpe não foram admitidos na aceitação da denúncia.
“A denúncia indica seu embasamento no inquérito policial instaurado com a finalidade de investigar o homicídio, que teve como vítima Nudson Harley Mares de Freitas, mas que teria sido morto por engano, em tese, no lugar do então juiz de direito Marcelo Tadeu”, diz trecho da decisão da magistrada.
Quando a investigação da Polícia Federal veio à tona, mais de dez anos após o crime, o juiz aposentado Marcelo Tadeu soltou o verbo, criticando o Tribunal de Justiça e o Ministério Público, além da própria Polícia Civil. Ele, porém, acredita que há alguém maior por trás de Cerqueira.
Em entrevista à época, Marcelo Tadeu, indignado e com a voz alta, cobrou o ex-delegado-geral: “Diga para quem o senhor fez isso?”, disse, completando: “Será que é isso que faz você ficar no poder por 10 anos?”
“Quem tem ou quem teria que dizer a mim, é você, Paulo Cerqueira. Vossa senhoria tinha a obrigação de dar uma resposta, mas cuidou de maquiar o inquérito, inclusive na 17ª Vara, a vara que combatia todos os crimes, menos o meu”, desabafou na época.