Redação, com Assessoria
Os moradores dos quatros bairros atingidos pelo afundamento do solo em Maceió foram surpreendidos por uma decisão judicial que responsabiliza os manifestantes criminalmente pelo protesto realizado na porta da Braskem, na manhã desta quinta-feira (04). Apesar disso, o grupo de moradores já planeja novo ato.
Ação judicial, movida pela Braskem, foi direcionada ao vereador Francisco Sales e aos membros das associações que representam os moradores. A mineradora alegou que os moradores estavam em ato de vandalismo e ameaçavam a integridade dos funcionários.
Além disso, a empresa endossou que uma eventual inviabilização de suas operações iria acarretar “um prejuízo financeiro e operacional gigantesco para a companhia”.
Na decisão, o juiz José Afrânio Oliveira determinou uma multa diária no valor R$ 5 mil, proibindo novas manifestações dentro de um prazo de 30 dias e responsabilizando os citados criminalmente.
No entanto, a manifestação foi marcada por um café da manhã, com todos na frente da empresa sem impedir a circulação dos funcionários, e contou com os relatos dos moradores sobre as dificuldades encontradas para receber suas indenizações.
“Mais um absurdo dessa empresa que agora quer responsabilizar a gente criminalmente. Logo nós que somos as maiores vítimas dela. Eu perdi a minha casa, perdi a minha vida, pois hoje sou um homem depressivo por causa da Braskem”, disse Lula Almeida, ex-morador do bairro de Bebedouro.
Juntamente com a decisão, o Gerenciamento de Crises da Polícia Militar intermediou uma reunião com a direção da empresa e os moradores. “Vamos conversar novamente com eles, mas será preciso que seja apresentado algo de concreto, pois não pretendemos parar e vamos atingir a empresa até que ela seja clara quanto aos seus prazos de pagamentos de indenizações e realocação”, disse Francisco Sales.
Resposta
Em esclarecimento, a Braskem informou que solicitou liminar para resguardar a segurança de funcionários, terceiros e pessoas que participavam do ato, além de impedir o bloqueio da entrada à empresa.
“O pedido foi motivado, principalmente, pela preocupação com a segurança das pessoas diante da possibilidade de invasão da fábrica e da interrupção abrupta das operações. Vale destacar que o regime ininterrupto das operações é condição indispensável para a segurança de qualquer unidade industrial, especialmente a química. Além disso, tecnicamente, é impossível paralisar este tipo de operação fabril sem o devido planejamento e procedimentos adotados com meses de antecedência. A Braskem reitera o respeito ao direito de manifestação pacífica, dentro dos limites legais e que não represente riscos à segurança das pessoas”, diz a Braskem.