A falta de um vice-governador em Alagoas embaralhou o cenário político no estado, e a disputa pela sucessão do governador Renan Filho (MDB), em outubro, deve passar antes por uma eleição indireta.
Depois de oito anos no cargo, Renan deverá renunciar até 2 de abril, como exigido pela legislação eleitoral, para disputar uma vaga no Senado.
O vice-governador que integrava a chapa eleita em 2018, Luciano Barbosa (MDB), renunciou ao cargo para concorrer nas eleições municipais de 2020. Ele acabou sendo eleito prefeito de Arapiraca (AL), o segundo maior município alagoano.
Com a renúncia, portanto, o governo será ocupado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor (União Brasil). Mas isso não significa que ele continuará no cargo.
Pela Constituição estadual, uma eleição indireta deverá ser convocada em 30 dias na assembleia para a escolha de um governador com mandato-tampão até o final de 2022.
Os pré-candidatos ao governo estadual
Paulo Dantas (MDB), produtor rural formado em administração de empresas, é o mais cotado para o mandato-tampão no governo de Alagoas, caso Renan Filho saia para concorrer ao Senado. Filho de Luiz Dantas, que foi secretário de Estado, deputado federal e estadual por Alagoas, Paulo foi prefeito do município de Batalha de 2005 a 2012, por dois mandatos consecutivos. Em 2018, se elegeu deputado estadual.
Uma possível concorrente é a procuradora licenciada do município de Teotônio Vilela, Jó Pereira (MDB). Ela foi eleita deputada estadual pela primeira vez em 2014 e reeleita em 2018, como a mais votada. Atualmente, é presidente da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Turismo da Assembleia Legislativa.
Seu pai, João José Pereira de Lyra, foi um influente empresário e político alagoano. Jó é prima de Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados. Sua candidatura, porém, ainda não está certa.
O ex-deputado estadual e senador Rodrigo Cunha (PSDB) também vem sendo cogitado como um nome na disputa. Formado em direito, comandou por seis anos a Superintendência do Procon em Alagoas e posteriormente assumiu a vice-presidência nacional do órgão.
No Senado, presidiu a Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor. Atualmente é presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado.
As eleições podem ter ainda Antônio Albuquerque (PTB), que está em seu sétimo mandato consecutivo como deputado estadual de Alagoas.
Ele é pai do deputado federal Nivaldo Albuquerque (PTB-AL) e de Arthur Albuquerque, secretário do Trabalho e Emprego de Alagoas, no governo de Renan Filho.
O prefeito de Maceió, JHC, avalia ser candidato ao governo do estado. O político de 34 anos, filiado ao PSB, conta com a simpatia do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Ele considera que JHC seria o nome mais competitivo para derrotar o grupo do governador Renan Filho.
Por fim, há o nome de Rui Palmeira (PSD). Formado em direito, foi deputado estadual (2007-2010), deputado federal (2011-2012) e prefeito de Maceió (2013-2020).
Os pré-candidatos ao Senado
A disputa pela única vaga no Senado pode colocar Renan Filho ao lado do pai, o senador Renan Calheiros, em Brasília, a partir de 2023, e deixar o ex-presidente Fernando Collor sem cargo político.
Renan Filho (MDB) é atual governador, foi eleito em 2014 e reeleito em 2018. O economista, filho do senador Renan Calheiros, foi deputado federal, eleito em 2011, mas deixou o cargo para assumir o governo do estado.
Já o ex-presidente da República Fernando Collor (PROS) é senador desde 2007. Em 1992, foi alvo de um processo de impeachment e renunciou antes de ser cassado. Foi governador de Alagoas em 1986. Em 2002 e 2010, tentou voltar a comandar o governo estadual, mas foi derrotado. Precisa derrotar Renan Filho, favorito nas pesquisas, para se manter no Senado.
Davi Davino Filho (PP) também deve disputar a cadeira no Senado. Ele está em seu segundo mandato consecutivo na Assembleia Legislativa de Alagoas. É filho de Davi Davino, vereador de Maceió em seu oitavo mandato. Sua família criou a fundação FunBrasil, que faz atendimento a idosos na periferia, principalmente de especialidades clínicas, como oftalmologia.
Ganhou ampla visibilidade por isso e quase foi para o segundo turno das eleições municipais em Maceió, em 2020. Pode ter o apoio de Arthur Lira e de Rodrigo Cunha, mas isso ainda não está definido.
Atual vice-prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa (PDT) também deve estar na corrida pelo Senado. Ele já foi duas vezes governador de Alagoas (1999-2006). Cursou engenharia civil na Ufal (Universidade Federal de Alagoas), onde iniciou sua trajetória política a partir da militância contra a ditadura, e já foi deputado estadual (1983-1987), vereador (1989-1993), prefeito de Maceió (1993-1997) e deputado federal (2015-2019).
Outro pré-candidato é o delegado Fábio Costa (PSB), vereador mais votado em Maceió em 2018. Delegado da Polícia Civil, ele deve deixar o PSB por ter declarado apoio ao presidente Jair Bolsonaro e sofrer resistências internas no partido. Ainda não há uma definição sobre qual legenda poderá abrigar sua candidatura.
CNN Brasil