Redação*
Um acordo inédito entre o Governo Federal e líderes de comunidades indígenas vai finalmente destravar a duplicação da BR-101 em Alagoas. Com a assinatura, o Ministério dos Transportes abrirá licitação para a duplicação de 10 quilômetros localizados no município de Joaquim Gomes.
O acordo, que tem valor legal e garante a execução das contrapartidas negociadas entre as partes, foi firmado em reunião nessa quarta-feira (2). As melhorias vão beneficiar cerca de 100 mil pessoas que moram nas regiões – entre elas, 2 mil famílias indígenas. Ao todo, serão investidos cerca de R$ 250 milhões.
Já nos municípios de Junqueiro e São Sebastião serão realizadas as duplicações de outros dois quilômetros de pistas, além de obras remanescentes. A abertura da licitação está prevista para setembro.
“É um momento histórico para o Governo Federal e para o Ministério dos Transportes. Seguimos a orientação do presidente Lula de pensar no desenvolvimento dos transportes e do país sempre levando em conta o cuidado ambiental e as necessidades das comunidades originárias. Com essa obra, vamos propiciar segurança, reduzir acidentes e permitir que todas as comunidades se desenvolvam da melhor maneira”, afirmou o ministro dos Transportes, Renan Filho.
Um dos principais efeitos positivos da obra será o aumento da segurança viária. Nos últimos anos, foram mais de 150 mortes nos trechos afetados pelo TAC, como as de Antonio José Filho, o cacique Antonio Isidorio, 66 anos, da aldeia Karapotó Terra Nova, e seu filho Rosivan dos Santos, o Tingo, de 33 anos.
Ambos faleceram em 11 de setembro de 2014. Foi justamente o cacique Antonio que começou a discussão do TAC no início do século, que hoje tem a participação da sua filha, a cacica Nena Karapotó.
“Hoje a duplicação, para nós Karapotó, por ele ter falecido da forma que faleceu, a duplicação para nós faz parte do nosso objetivo de alcançar isso para que não torne mais vítima do que foi o meu pai”, disse a cacica Nena.
A assinatura será a primeira da história a ser realizada pelo Ministério dos Transportes, por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), com representantes dos ministérios da Saúde e dos Povos Indígenas, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e representantes das comunidades locais em uma rodovia federal.
*com Assessoria