Redação
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios determinou que o episódio número 78 do podcast Pauta Pública e a coluna da diretora-executiva, Marina Amaral, ambos conteúdos da Agência Pública, citando o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), fossem tirados do ar.
A pedido de Lira, a censura desta vez se direciona a publicações que repercutiam o conteúdo da reportagem produzida a partir de entrevistas concedidas pela ex-esposa do parlamentar alagoano, Jullyene Lins, que o acusou de violência sexual e outros crimes.
Há quatro meses, a Agência Pública foi obrigada pela Justiça a retirar do ar reportagem publicada em junho de 2023. Agora, em uma nova investida da defesa do deputado, a Justiça obriga a excluir mais dois conteúdos que repercutiam a reportagem.
A decisão foi lamentada pela própria agência e por entidades de defesa do jornalismo. “Mais uma vez, reiteramos a lisura da reportagem e repudiamos a censura e a violação da liberdade de imprensa, um preceito constitucional tão caro para as democracias”, diz a Pública.
“Assim como todas as nossas matérias, a reportagem em questão foi feita com base em documentos judiciais e fontes que deram seu depoimento sobre os fatos, teve propósito informativo e de interesse público, sem qualquer ofensa a quem quer que seja”, completa a nota.
Já a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e outras organizações dizem que é inadmissível que Lira atente contra a liberdade de imprensa: “O conteúdo jornalístico possuía evidente interesse público, sobretudo por se tratar de figura pública e de tema sensível à sociedade, como é a violência doméstica.”