Redação
Finalizado no fim de janeiro, o parecer técnico da Agência Nacional de Mineração (ANM) questiona as informações que a Braskem vem fornecendo sobre as medidas adotadas para fechar os 35 poços de extração de sal-gema em Maceió.
Segundo a ANM, algumas cavidades ainda estariam sem o devido monitoramento, assim como o solo afetado permanece instável e afundando, sob risco de novas rupturas. O grupo de trabalho cobra 11 providências que a Braskem faça com rigor.
No documento, os técnicos da ANM se dizem surpresos com a informação da “inesperada ocorrência” de rompimento na mina 18, já que o conjunto de informações anteriormente fornecido pela empresa “não se mostrou preciso.”
“De tais avaliações, verificou-se que, de acordo com os resultados e estimativas apresentadas, a possibilidade de ocorrência de sinkhole seria uma hipótese remota de ocorrência, com indicação de redução progressiva do risco associado, porém jamais descartada”, dizem os especialistas.
“Todos os elementos levantados, monitorados individualmente ou em conjunto, não permitem, atualmente, definir ou estimar, com suficiente grau de certeza, o comportamento do maciço”, completam, com alerta para não se ignorar rompimentos semelhantes.
O senador Renan Calheiros (MDB) afirma que o parecer é gravíssimo, pois revela erros, imprecisões e defasagem de dados sobre as 35 cavernas da Braskem. “É assustador o alerta da possibilidade de novos colapsos, como o da mina 18, em dezembro de 2023. Ainda há argumentos contra a CPI?”, diz.
Pedidos
Os técnicos sugerem à Gerência Regional da ANM em Alagoas que exija que a Braskem apresente um relatório apontando as causas, consequências e justificativas para o rompimento de parte da mina, além da análise de risco de eventos semelhantes voltarem a ocorrer em outros pontos monitorados.
Também propõem que sejam cobrados, da empresa, uma justificativa técnica para ainda não ter iniciado o preenchimento de outras frentes de lavra, bem como um gráfico atualizado sobre o acompanhamento de tendência de afundamento do solo e um cronograma dos poços.
Outro lado
A Braskem confirmou o recebimento do parecer e disse que responderá em tempo hábil. Negou, porém, a falta de monitoramento das cavidades, que são, segundo a petroquímica, monitoradas por vários instrumentos e métodos diferentes.
“A Braskem reitera que instalou na região uma das redes de monitoramento mais modernas e robustas do país, com equipamentos que transmitem informações em tempo real, e todos os dados são compartilhados, também em tempo real, com os órgãos competentes”, informou a companhia.