O Cenipa (Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) recomendou, em relatório de 2021, o reforço do treinamento de pilotos de aviões ATR em voos com condições de gelo.
A orientação foi dada à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) depois de um incidente grave envolvendo a perda de controle de um avião do modelo em 2013, numa viagem entre as capitais de Alagoas e Bahia, Maceió e Salvador.
O episódio ocorreu com um ATR-72, mesmo modelo que caiu em Vinhedo (SP) na última sexta-feira (9). A condição do incidente também é similar à da queda do avião da Voepass que deixou 62 mortos. No caso de 2013, não houve feridos.
O incidente aconteceu em 26 de julho de 2013 com um voo da Trip Linhas Aéreas. A companhia encerrou suas atividades no mesmo ano, quando foi incorporada pela Azul. O avião decolou do Aeroporto Internacional de Maceió, às 21h10, com destino ao Aeroporto Internacional de Salvador.
De acordo com o relatório do Cenipa, a tripulação perdeu o controle do avião, um PP-PTU, modelo ATR-72-212A, na altura de Esplanada, interior da Bahia, por volta das 21h42min. Sobrevoava uma região de acúmulo de gelo com o sistema de degelo desativado.
O avião passou por uma rápida variação de velocidade seguida por queda de 5.000 pés – caiu de 16.000 pés para 11.000 pés. O piloto declarou emergência e assumiu o controle manual. O pouso foi feito em segurança no aeroporto da capital baiana. Nenhum dos 58 passageiros e 4 tripulantes ficou ferido.
O Cenipa indicou como fatores contribuintes para o incidente:
- aplicação de comandos inadequados pelos pilotos;
- condições meteorológicas adversas;
- confusão na comunicação na cabine de comando entre pilotos e co-pilotos;
- avaliação inadequada da tripulação dos parâmetros de operação do sistema “antigelo” do avião;
- percepção imprecisa do impacto das condições de acumulo de gelo na operação aérea; e
- erro no processo decisório dos pilotos.
Finalizada a investigação, o Cenipa recomendou à Anac:
- atuação junto às companhias aéreas de aeronaves ATR para que as operadoras garantam treinamentos teóricos, simulados e práticos suficientes para que as tripulações adquiram o conhecimento e desenvolvam as habilidades necessárias para reconhecer e realizar as ações adequadas em um voo sob condições de formação de gelo; e
- atuação junto aos operadores de aeronaves ATR, a fim de que estes implementem a filosofia UPRT (Treinamento de Prevenção e Recuperação de Atitudes Anormais) no manual de operação da companhia aérea e no treinamento associado.
/Redação, com Agências